Justiça mantém prisão do cunhado de comerciante morto após descobrir traição; entenda


Igor Peretto, de 27 anos, foi encontrado morto no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, em Praia Grande (SP). A parente, Rafaela Costa (viúva) e Mario Vitorino (cunhado) foram presos acusados de envolvimento no homicídio. Mario Vitorino, Marcelly Peretto e Rafaela Costa foram presos por envolvimento na morte de Igor Peretto
Polícia Civil
A Justiça de Praia Grande, no litoral de São Paulo, indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva de Mario Vitorino, cunhado do comerciante Igor Peretto, que foi assassinado a facadas após descobrir um caso entre o réu e a esposa, Rafaela Costa. A vítima foi encontrada morta no apartamento da irmã, Marcelly Peretto.
O trio formado por Mario Vitorino (cunhado), Rafaela Costa (viúva) e Marcelly Peretto (irmã) foi preso por envolvimento no homicídio. O Ministério Público (MP-SP) concluiu que os três premeditaram a morte do rapaz de 27 anos uma vez que ele era considerado um “empecilho no triângulo amoroso”.
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Na decisão, o juiz Felipe Esmanhoto Mateo declarou que a prova de materialidade está “evidenciada pelo farto material produzido em solo policial, que inclui boletim de ocorrência, auto de exibição e apreensão, laudos periciais, termos de declarações de testemunhas, de declarações de Marcelly, interrogatórios e relatório de investigações”.
Segundo o magistrado, a prisão preventiva também é necessária para resguardar a instrução criminal. “Note-se que há risco de coação às testemunhas protegidas e os acusados teriam apagado mensagens nos aparelhos celulares, dificultando a investigação”, complementou.
O juiz afirmou que a prisão preventiva também se faz necessária em vista dos réus terem fugido do local. “Saliente-se que Rafaela e Mário permaneceram foragidos por período significativo, apesar daquela, posteriormente, ter se apresentado espontaneamente”.
O magistrado indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva de Mario e manteve a prisão preventiva dos acusados. “Aguarde-se o decurso do prazo para o Ministério Público se manifestar com relação à preliminares”, pontuou.
Defesas
Mario Badures, advogado de Mario Vitorino, afirmou que o pedido de revogação da prisão do cliente foi o último dos outros mais de 80 requerimentos solicitados na resposta à acusação.
“Porém, a necessidade da prisão foi apreciada antes dos pontuais requerimentos que versam desde a existência de provas ilícitas quanto a ausência de provas quanto ao imaginário trisal, motivação financeira e outras de ordem técnica”, alegou Badures.
O advogado acrescentou que, a partir da apreciação dos requerimentos, a defesa entende que todo o cenário será alterado. “E a liberdade será, com certeza, reavaliada, não obstante a impetração de ordem de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo”, pontuou.
Marcelo Cruz, advogado de Rafaela Costa, afirmou que a situação é uma “questão meramente processual, segundo a regra do Parágrafo Único do artigo 316 do Código de Processo Penal”, em que o juiz tem que fazer, a cada 90 dias, a análise da renovação da prisão preventiva.
Já o advogado que representa Marcelly Peretto, Leandro Weissmann, disse que a cliente segue presa e sem provas contra ela. “Através de mentiras contadas na mídia, há o linchamento público dela. A prisão de Marcelly é cabalmente injusta, ilegal e imotivada, assim como o processo movido contra ela”.
Últimas palavras
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
De acordo com as testemunhas, Igor declarou amor pela esposa, Rafaela Costa, minutos antes de ser morto a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande. As últimas palavras constam em um inquérito da corporação e em uma denúncia do MP-SP.
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada”.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor também demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)
Redes Sociais
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, complementou.
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.
Sobre o crime
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.
Prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
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