MP confirma: 75% dos incêndios no Pantanal começaram em fazendas

O Pantanal sul-mato-grossense foi devastado por incêndios em 2024, que consumiram 1,74 milhão de hectares. O impacto foi sentido por 830 propriedades rurais, 15 Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, incluindo as das etnias Kadiwéu, Taunay/Ipegue e Cachoeirinha.  Esses números foram revelados em um relatório do Centro de Apoio do Meio Ambiente (CAOMA), divulgado nesta quinta-feira (13), no âmbito do Programa Pantanal em Alerta, desenvolvido pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). Confira abaixo o detalhamento dos polígonos de cada ignição investigada.  A metodologia inédita e inovadora criada pelo MPMS foi fundamental para identificar 298 polígonos de ignição, que contribuíram para um mapeamento preciso dos focos de calor no bioma.  A combinação de imagens de satélite, monitoramento de focos de calor e análise da direção dos ventos permitiu localizar com precisão as áreas mais afetadas e dar agilidade às investigações. Em termos de impacto, 149 incêndios ocorreram em propriedades rurais, queimando 1,3 milhão de hectares, ou seja, 74,8% da área total afetada.  Esse dado aponta que a maior parte dos focos teve origem em propriedades privadas, evidenciando a necessidade urgente de ações de conscientização, fiscalização e responsabilização dos proprietários rurais. Além disso, 553 propriedades foram atingidas pelos incêndios, embora não tivessem causado as chamas. Veja abaixo a classificação dos polígonos de ignição. O Programa Pantanal em Alerta, em sua edição de 2024, já vinha monitorando 332 propriedades como prioritárias, das quais 202 (60,8%) foram diretamente atingidas pelos incêndios. Isso demonstra que a metodologia adotada para determinar áreas prioritárias está acertada e eficaz. Mais afetados –  As ignições ocorreram principalmente em oito municípios de Mato Grosso do Sul, com destaque para Corumbá (148 ignições) e Porto Murtinho (112 ignições). O município de Aquidauana foi o terceiro mais afetado, com 22 focos. As áreas mais atingidas foram as de Formação Campestre (31,7%), Formação Savânica (27,19%) e Campo Alagado e Área Pantanosa (15,24%). A maior parte dos incêndios (50,97%) ocorreu em áreas de vegetação nativa, enquanto 26,69% atingiram Reservas Legais propostas. Este dado reforça a urgência em proteger as áreas de preservação ambiental e evitar novos danos ao ecossistema do Pantanal. Confira os lapsos temporais entre as datas de ignição abaixo.  Resultados – No ano de 2024, o monitoramento realizado pelo MPMS resultou em 173 informativos de ocorrências que foram enviados aos órgãos de fiscalização, como a Polícia Militar Ambiental e o IBAMA.  A fiscalização resultou em 105 vistorias, ou seja, 60,7% dos casos relatados. Porém, apenas em seis casos foi possível identificar com clareza as causas dos incêndios, o que mostra a dificuldade de responsabilizar os autores. Até o momento, o MPMS instaurou 75 investigações relacionadas aos incêndios, incluindo Inquéritos Civis e Notícias de Fato, com a aplicação de multas superiores a R$ 100 milhões. Embora a responsabilização criminal seja um desafio, o foco segue na responsabilização cível, com ênfase na prevenção para evitar novos danos. Prevenção –  Para o ano de 2025, o MPMS, com o apoio do Centro de Geotecnologias (NUGEO), traçou uma série de ações prioritárias com o objetivo de prevenir novos incêndios. Entre as principais medidas estão a integração dos agentes de fiscalização, a agilização dos alertas de ignição e a utilização de novas tecnologias, como câmeras de monitoramento instaladas na Serra do Amolar. Uma das principais iniciativas será a criação de uma força-tarefa interinstitucional, formada por profissionais do MPMS, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Polícia Federal, peritos e outros especialistas. A força-tarefa contará com aeronaves para melhorar a coleta de provas em campo e possibilitar a identificação das causas dos incêndios. Além disso, 375 propriedades serão monitoradas em 2025 para ações preventivas, com destaque para o novo sistema de alertas que notificará os proprietários rurais em tempo real, permitindo que eles tomem ações imediatas para conter incêndios. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas  redes sociais .
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