À Justiça, mãe de cozinheiro espancado chora e diz que filho perdeu a visão

Eram muitos os planos do cozinheiro César Alexandre Bennet Ferreira. Ele já participou de programas do SBT e antes do crime havia conseguido visto para viagens internacionais. César iria para Portugal, onde seria chefe de cozinha. Mas, foi brutalmente espancado. Agora, cego de um olho e com paralisia em metade do corpo, aguarda julgamento que vai decidir o destino do agressor, na época dono de um restaurante em Campo Grande.  O julgamento de Denivaldo Batista Nascimento começou às 8 horas, na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, presidido pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos. Testemunhas do crime e o réu prestaram depoimento. Ainda não há horário previsto para a sentença. A primeira a depor, por videoconferência, foi uma amiga que estava com César no dia do crime, 16 de abril de 2020. Rosângela de Oliveira também é cozinheira e contou como se deram os fatos. Disse que depois de um encontro com colegas de trabalho, ela e César decidiram comer lanche em um trailer de esquina, na Avenida Júlio de Castilhos.  Ao chegar, Rosângela queria ir ao banheiro, mas o local não tinha. “O César disse para eu ir em uma lanchonete ali perto, onde ele já frequentou e que o rapaz deixaria eu usar. Mas, quando cheguei, o dono falou que estava fechando, mandou eu ir no quartel dos bombeiros usar o banheiro e me mandou embora”, lembra.  Então, Rosângela foi no quartel e conseguiu usar o banheiro. Mas, César quis voltar na lanchonete e questionar o dono, Denivaldo, sobre o motivo de ter negado acesso. “César era uma pessoa muito comunicativa, muito humana, com ideais que ele defendia. Ficou revoltado com o fato do rapaz negar o banheiro para uma mulher, por isso insistiu em ir lá”.  Quando voltou ao local, Denivaldo abriu a porta e passou a dar machadadas na vítima. César chegou a ser arrastado pelo braço por Denivaldo, já desacordado e “parecendo um cadáver”, lembra Rosângela. César foi socorrido e ficou internado por 34 dias no hospital, muito deles em coma. Ele sobreviveu.  Hoje, César tem 50 anos de idade e vive com a mãe, Sônia Lopes Bennet, de 72 anos. Teve grande perda de massa encefálica, perdeu a visão do olho direito e também o movimento de todo o mesmo lado. César não consegue andar e vive em cadeira de rodas.  A mãe, que luta diariamente pelo filho, chegou no tribunal acompanhada do advogado da família, visivelmente abalada. Sônia falou emocionada sobre o filho e chorou muito na frente dos jurados. Lembra que no hospital, todos comentavam: “vai morrer”.  Vou trabalhar até o último dia da minha vida, não posso me aposentar. Ele não sai com amigos, não tem esposa. Ninguém quer saber de uma pessoa que vive sentada. Antes, falava três línguas diferentes, hoje não fala nenhuma, nem mãe ele consegue falar”, lamenta.  Sônia lembrou que o filho era trabalhador, cheio de sonhos. Antes do crime, havia conseguido visto e viajaria para Portugal, onde seria chefe de cozinha. Chegou a participar como cozinheiro de programas do SBT. “Desde criança gostava de cozinha, de preparar alguns pratos. A vida toda, sempre trabalhou. Fez curso no Senac e os pratos que ele fazia, apresentava no programa do SBT”.  O último a ser ouvido no tribunal foi o réu. Denivaldo, era dono do restaurante e hoje trabalha como motoboy. Disse que no dia negou o banheiro porque estava com uma prostituta, em momento íntimo, e também havia toque de recolher na época, por conta da pandemia. Denivaldo alega que César chegou dando pontapé na porta, afirmando que foi agredido e agiu em legítima defesa. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
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