Renovação da Axé Music: novos nomes ainda buscam destaque nacional

A Axé Music é um dos maiores fenômenos da música brasileira, dominando rádios e festas desde os anos 80. No entanto, a renovação dos seus artistas se tornou um desafio. “As últimas pessoas realmente, digamos, estrelas da Axé Music, tem duas décadas que surgiram: Claudia Leitte e um pouco menos, Saulo. De lá para cá, não tem ninguém mais que surgiu. Eu estou falando aí do ponto de vista nacional”, ressaltou o crítico musical Hagamenon Brito.

Tatau, que foi vocalista do Ara Ketu quando o grupo estourou nacionalmente, também fez um alerta. “A gente tem uma geração de um estilo musical envelhecida, que continua na ativa. Poderia agora aparecer uma turma nova para que a gente pudesse ter mais tranquilidade”, refletiu o cantor em entrevista exclusiva para o Mundo Bahia FM.

Mesmo sem novos ídolos no cenário nacional, o Axé segue no comando das festas populares como micaretas que se espalharam pelo Brasil. Para Hagamenon Brito, são artistas já consagrados, como Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Claudia Leitte, que ainda sustentam a força do gênero.

Porém, até mesmo o Carnaval de Salvador, berço da Axé Music, enfrenta desafios. Armandinho, filho de Osmar, um dos criadores do trio elétrico, admite que colocar um trio na rua se tornou uma missão cada vez mais difícil.

“Sempre tem uma expectativa muito grande com relação a colocar o trio na rua, mas também passou a ser uma grande dificuldade, porque é um carro grande, bonito e caro”, explicou Armandinho em entrevista exclusiva.

Apesar disso, o herdeiro das máquinas musicais segue levando a história. Este ano, o trio elétrico celebra 75 anos e o músico desfilará com o “Trio Armandinho, Dodô e Osmar” no dia 1º de março, no Circuito Osmar (Campo Grande).

Os novos nomes da Axé Music

Apesar da ausência de novos cantores solo e novos grupos que alcancem todo o Brasil, as bandas já consolidadas no meio vêm se renovando com jovens artistas. Raquel Tombesi, por exemplo, assumiu os vocais da tradicional banda Cheiro de Amor, em 2024, e estreia este ano na maior festa popular do mundo, dando continuidade à história.

Outros nomes que representam essa nova fase do axé incluem também Mari Antunes, que comanda o grupo Babado Novo, Felipe Pezzoni, à frente da Banda Eva desde 2013 quando Saulo se despediu, e Rafa Barreto, vocalista da banda Jammil.

Além disso, alguns artistas de estilos próximos ao Axé se destacam e trazem novas sonoridades ao gênero. O percussionista Cara de Cobra, ex-músico de Ivete Sangalo, afirma que bandas como Afrocidade, Àttooxxá, BaianaSystem e Filhos de Jorge representam uma nova vertente do axé, misturando ritmos e modernizando o som. 

“Eu vejo que o Pagode baiano está se atualizando cada dia mais e comparo eles também dentro do nosso Axé Music. Os compositores estão muito afastados dessa nova realidade, mas eu acredito na renovação”, afirmou Cara de Cobra.

O futuro

Para Carlinhos Brown, o Axé não está estagnado, mas sim em constante transformação. “Não existem movimentos que durem 40 anos. Eles duram na existência dos seus artistas, mas o movimento não. O tropicalismo durou um ano e meio e se dissolveu. Eu não vejo o Axé como um movimento dissolvido. Ao contrário, ele absorve o tropicalismo, o Clube da Esquina, a Jovem Guarda. Ele é o último dos movimentos, porque vai deglutir e virar um outro”, reflete o artista.

Diante desse cenário, a renovação do Axé segue como um desafio. Novos talentos surgem, mas poucos conseguem alcançar o mesmo impacto dos grandes ídolos do passado. A pergunta que fica é: quem será o próximo nome a marcar essa história?

Série do Mundo Bahia FM conta história da Axé Music

O site Mundo Bahia FM preparou uma série especial para contar a história da Axé Music. Na próxima reportagem, você confere uma seleção dos maiores sucessos dessas quatro décadas do movimento que seguem comandando os Carnavais e festas pelo Brasil.

Ao longo desses anos, os artistas precisaram se adaptar ao mercado e ainda resistem às novas tecnologias que impactam na forma de compôr. Quando se trata de músicas para as redes sociais, Márcia Short afirma que “a gente não precisa trazer esse imediatismo para a musicalidade. Música boa precisa de tempo para ser construída”.