Impermeabilização de sofás e estofados: saiba se técnica pode causar incêndio


G1 ouviu o Corpo de Bombeiros e especialistas em impermeabilização para entender os riscos envolvidos. Polícia investiga se serviço tem relação com incêndio em apartamento de família que morreu em Goiás. Foto ilustrativa de impermeabilização de sofás
Arquivo Pessoal/Luana Godinho
A impermeabilização de sofás e estofados pode causar incêndio? Essa dúvida surgiu após o incêndio no apartamento de uma família que morreu em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Segundo o delegado Bruno Van Kuyk, o fogo começou enquanto um técnico realizava um serviço de impermeabilização no local. Por isso, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) investiga se há alguma relação entre o procedimento e o incêndio.
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O g1 consultou o Corpo de Bombeiros Militares de Goiás (CBM-GO) e especialistas em impermeabilização para entender os riscos envolvidos. A resposta é: sim! Segundo as fontes ouvidas, o serviço pode causar incêndio, dependendo do tipo de produto utilizado. Entenda os detalhes nesta reportagem.
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Reprodução/ Redes Socais e Reprodução/TV Anhanguera
Quais são os principais riscos?
Ao g1, o tenente-coronel Luiz Eduardo Machado Lobo, assessor de comunicação do CBM-GO, explicou que os principais riscos de incêndio relacionados à impermeabilização de sofás e móveis similares estão ligados ao uso de produtos químicos inflamáveis, como solventes e sprays, que liberam vapores perigosos.
“Se esses produtos não forem aplicados corretamente ou se o ambiente não for devidamente ventilado, há um risco significativo de acúmulo de vapores que podem pegar fogo facilmente. Além disso, a exposição a fontes de calor durante a aplicação ou secagem pode aumentar o risco de ignição dos produtos químicos”, explicou o tenente-coronel.
Atenção aos produtos
Foto ilustrativa de impermeabilização de sofás – Goiás
Arquivo Pessoal/Murillo Mota Silva e Zainy Pereira Batista Mota
Para explicar mais sobre os produtos utilizados, o g1 entrevistou Luana Godinho de Bastos, consultora de uma fábrica de produtos para impermeabilização que atua desde 1979, e Murillo Mota Silva e Zainy Pereira Batista Mota, especialistas no serviço em Goiânia.
“Algumas empresas optam por produtos mais baratos, mas altamente inflamáveis. Elas adicionam um componente que retarda a chama, mas o produto continua sendo explosivo, pois os gases liberados se acumulam no ambiente e podem causar explosões. Até a eletroestática do corpo pode desencadear uma explosão nesses casos”, alertou Luana Godinho.
Luana explicou que existem diferentes tipos de produtos de impermeabilização no mercado: à base de água, à base de solvente inflamável, e à base de solvente não inflamável.
O tenente-coronel Luiz Eduardo recomendou que, para minimizar o risco de incêndio, é crucial evitar o uso de solventes inflamáveis e seguir as instruções do fabricante quanto à aplicação e secagem dos produtos.
“A aplicação deve ser feita em ambientes bem ventilados para dispersar vapores inflamáveis e não deve ocorrer perto de fontes de calor ou chamas abertas, como aquecedores ou aparelhos elétricos que podem aumentar o risco de ignição”, pontuou o tenente-coronel.
Como é feita a impermeabilização?
Foto ilustrativa de impermeabilização de sofás – Goiás
Arquivo Pessoal/Murillo Mota Silva e Zainy Pereira Batista Mota
Murillo Mota Silva e Zainy Pereira Batista Mota, que têm mais de 10 anos de experiência no mercado de impermeabilização, explicaram que o serviço é relativamente rápido, levando entre 40 minutos e 1 hora. Durante o processo, um produto é aplicado no estofado.
“É necessário deixar o ambiente ventilado e, preferencialmente, retirar animais, crianças e idosos do local para evitar irritações, pois, apesar de não inflamáveis, os produtos têm cheiro forte”, aconselharam.
Os especialistas enfatizaram que os produtos que utilizam são notificados pela Anvisa. Segundo eles, a qualidade dos produtos deve ser claramente indicada na ficha técnica e nos rótulos.
Quais são as medidas de segurança recomendadas?
O Corpo de Bombeiros Militar recomenda diversas medidas de segurança para quem realiza serviços de impermeabilização. Entre elas:
Leitura atenta das instruções dos produtos;
Garantia de ventilação adequada durante e após a aplicação;
Armazenamento de produtos inflamáveis em locais frescos, secos e longe de fontes de ignição;
Uso de equipamentos de proteção individual apropriados;
Manter extintores de incêndio em locais acessíveis e funcionais;
Treinamento adequado para os funcionários, garantindo que todos estejam cientes dos riscos e das práticas seguras.
A impermeabilização causou o incêndio no apartamento de Valparaíso?
Segundo o delegado Bruno Van Kuyk, a polícia trabalha com algumas linhas de investigação, mas ainda não é possível comprovar que o serviço de impermeabilização causou o incêndio. O fogo atingiu o sétimo andar do edifício onde as vítimas, Luiz Evaldo Lima, Graciane Rosa de Oliveira e Leo Oliveira de Lima, moravam.
“Estamos verificando se houve algum acidente relacionado ao prestador de serviço durante o processo de impermeabilização. Pode ter ocorrido algum vazamento ou defeito. A função da Polícia Civil agora é investigar, apurar e esclarecer para determinar se houve negligência, imprudência ou imperícia”, explicou o delegado.
O incêndio começou por volta das 10h30 da manhã da última terça-feira (27). A família morreu por politraumatismo, segundo informações da Polícia Científica. Segundo o delegado, a Polícia Científica irá apurar a origem do incêndio, e o laudo técnico auxiliará a Polícia Civil na investigação do caso.
“Juntando essa prova técnica com as provas testemunhais e com as pessoas que estavam no local do fato e presenciaram o que aconteceu, nós sabemos que houve uma explosão”, pontuou o delegado.
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