Carnaval passou, mas a leveza de duas amigas sessentonas ficou

O Carnaval passou, o Enterro dos Ossos também, mas a leveza de duas amigas sessentonas ficou nos sorrisos, nas fotos e nos cinco minutos de conversa que não mereciam se perder no gravador do celular. Um papo rápido com duas figuras hilárias, que passaram horas em cima de um salto 15 (eu calculo) e provaram que a alegria não tem prazo de validade. Tânia Cardoso da Silva, 64 anos, pedagoga, casada. Eleusa França, viúva, também já passou dos 60. São mais de 30 anos de amizade e uma paixão antiga pelo Carnaval. “Nós criamos um grupo para combinar as fantasias da festa”, conta Tânia enquanto aguardava autorização para entrar no primeiro dia de bloco do Cordão Valu na Esplanada Ferroviária. E que festa! Todos os dias, de perto e de longe, lá estavam elas e os amigos no bloquinho. A maioria já passou dos 50, 60, alguns dos 70. “Temos também um grupo de flashback”, conta Tânia. Nada de velhice, nada de regras que limitem a felicidade dessas duas. “Se alguém acha que sou velha para isso? Não, nunca ninguém falou. Pelo menos não teve coragem de falar na minha cara”, brinca a pedagoga, que é tão fã do Carnaval, que até brinca sobre a fim da própria vida. “Se eu morrer no Carnaval, me enterre fantasiada. Vou morrer tristinha?”, brinca.  O Carnaval exige resistência, mas elas sabem como aproveitar sem perder o fôlego. “Mas para ir embora, eu trago um sapatinho de reserva, trouxe uma cadeira, e a canjinha já tá esperando lá em casa”, revela Tânia, rindo. “É tudo arrumadinho. Chega em casa, come, descansa e amanhã tem mais. Faço uma alimentação leve durante o dia, mais salada, hidrato bem”. A energia não vem do acaso. “O ano passado a gente ainda saiu na escola de samba, desfilando”, lembra a amiga. E já estão de malas prontas: “Daqui uns 15 dias, vamos fazer um cruzeiro. Já estamos com as fantasias do cruzeiro todas preparadas em cima da cama”. A festa tem fim, mas o espírito segue. “O ano é tão burocrático, temos que seguir tantas regras. No Carnaval, a gente pode colocar uma pluma com uma bota de onça”, filosofa Tânia. “Esse é o nosso estilo de vida. Nós somos pessoas alegres, que gostam de música, de dançar”. Tânia ainda tem um conselho para quem vê a idade como uma barreira: “A idade é aquela que você está vivendo, o momento que você está vivendo. Você pode ser o que quiser. Já fomos coelhinha da Playboy, esse ano resolvemos vir de drag e foi um sucesso. No próximo ano, vamos ser outra coisa. Enquanto tivermos vida, vamos ser alguém”. Eleusa, de cílios pesadíssimos e um brilho no olhar que desmente qualquer cansaço, resume a filosofia que deveria ser mantra de todo dia: “A gente veio para brilhar. A gente vive para brilhar nessa vida”. Se o Carnaval passou, pelo menos esse ano, que passe. Mas o que Tânia e Eleusa deixaram pra gente de lição após a cobertura da folia de 2025 na Esplanada Ferroviária, é que felicidade não tem prazo de validade. Acompanhe o  Lado B  no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e  Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp  (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .
Adicionar aos favoritos o Link permanente.