Lula tinha de estar focado apenas em reduzir a inflação para recuperar aprovação, avaliam aliados

Depois da divulgação de mais uma pesquisa em que a reprovação do governo Lula aparece maior do que a aprovação, aliados do presidente da República avaliam que ele deveria estar focado apenas em reduzir a inflação para recuperar sua popularidade, adotando medidas fiscais para reduzir a dívida pública e recuperar a confiança de investidores.
Só que ele tem lançado medidas que tornam mais difícil o trabalho do Banco Central (BC) de conter o avanço dos preços.
A mais nova pesquisa a mostrar esse momento de fraqueza da administração Lula é a da Ipsos-Ipec, que mostra 41% apontando o governo do petista como ruim e péssimo e apenas 27% como ótimo bom.
A reprovação ao governo chegou a 55% e o percentual do que não confiam no presidente bateu em 58%. Ela vem na sequência de pesquisas da Quaest e Datafolha mostrando o mesmo cenário desfavorável para o petista.
Ipsos-Ipec: 41% avaliam governo Lula como ruim ou péssimo, e 27% como ótimo ou bom
Segundo aliados de Lula, o principal fator de desgaste do governo é a inflação, principalmente a de alimentos, que tem mostrado resistência em recuar e pode terminar o ano elevada.
Interlocutores do presidente na Frente Ampla se queixam do isolamento de Lula. Para eles, o presidente está ouvindo as mesmas pessoas, que defendem injetar mais dinheiro na economia para alterar o cenário de reprovação alta de sua administração.
🔎Frente Ampla é uma coalizão de partidos políticos que se unem para apoiar um governo ou uma candidatura, geralmente com o objetivo de formar uma base sólida e diversificada.
🔎No contexto atual, é o caso do PSD, do MDB, além do Republicanos. Esses partidos colaboram com o governo para garantir estabilidade e apoio nas votações importantes no Congresso.
Essa receita, lembram, não deu certo com a ex-presidente Dilma Rousseff, que acabou gerando mais inflação e causando uma crise política.
E contraria a estratégia adotada durante os dois mandatos anteriores de Lula, em que ele optou por fazer um forte ajuste fiscal, que lhe permitiu bancar programas sociais e fazer o país crescer em ritmo acelerado.
Dilma, Bolsonaro e agora Lula já baixaram impostos sobre alimentos; economistas veem impacto limitado
Apoio limitado à Fazenda
A diferença entre os dois mandatos anteriores e o atual é que, antes, Lula dava ouvidos a economistas que defendiam uma política econômica mais ortodoxa, focada no ajuste fiscal para gerar confiança no país.
Agora, ele não tem dado aval para a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na adoção de novas medidas fiscais. Pelo contrário, tudo indica que o governo vai aprovar um Orçamento da União deste ano sem garantir o cumprimento da meta fiscal de déficit zero.
Para atingir esse objetivo, os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) terão de convencer Lula a fazer, logo no início do ano, um bloqueio temporário de gastos acima de R$ 30 bilhões.
A dúvida é se ele dará esse aval, num momento em que adota medidas para gerar mais crédito e dinheiro circulando na economia, na contramão do que tem feito o Banco Central, que está subindo os juros para desacelerar a economia e segurar a inflação.
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