Audiência ruim e prejuízo milionário fazem SBT trocar jornais por Chaves e Datena

Foto de Daniel Adjuto, apresentador do SBT Brasília

Nem tudo são flores no SBT. No mesmo dia em que a emissora fundada por Silvio Santos (1930-2024) finalmente oficializou a chegada de Boninho e fechou a contratação de Lívia Zanolini, a rede também iniciou um profundo processo de reestruturação em suas operações regionais. Com resultados de audiência abaixo das expectativas em todas as cidades e diante da iminência do rombo milionário de 2024 ser oficializado publicamente, o canal irá retalhar os seus programas locais em boa parte do país. As mudanças começam por Brasília, mas devem chegar a outras cidades.

A reportagem do TV Pop apurou que a programação regional do SBT Brasília será reduzida praticamente pela metade a partir da próxima segunda-feira, dia 17. No horário do almoço, a emissora cortou 45 minutos de seu tempo de produção, distribuídos entre o telejornal SBT Brasília e o SBT Sports DF. O noticioso de Daniel Adjuto, que tinha 1h45min de duração, perderá 30 minutos e irá terminar mais cedo, às 12h30, enquanto o esportivo teve 15 minutos cortados, sendo exibido das 12h30 às 13h. O espaço perdido pelos produtos locais será ocupado por episódios de Chaves.

O corte mais significativo foi no horário nobre: exatamente 1 dia antes de completar seu primeiro ano no ar, o Tá na Hora DF será reduzido a apenas 25 minutos, ficando no ar em um horário que era utilizado apenas por afiliadas do interior do país, das 19h20 às 19h45. Antes dos cortes, o telejornal comandado por Kenzô Machida tinha mais de uma hora de duração, sendo transmitido de 18h30 às 19h45. Os 50 minutos perdidos serão ocupados pela versão nacional do Tá na Hora, comandada por José Luiz Datena. Das quase quatro horas utilizadas pelo canal liderado por Daniela Beyruti e Rinaldi Faria para produções locais, vão restar apenas duas horas e 10 minutos a partir de segunda.

Nenhum dos três programas regionais conta com bons resultados de audiência. No horário do almoço, o SBT Brasília frequentemente consegue mais audiência com plantonistas do que com seu âncora titular — na cúpula da rede, em São Paulo, o telejornal de Daniel Adjuto é utilizado como uma referência do que não deve ser feito em um produto regional popular. O SBT Sports, que só está no ar por questões comerciais, raramente passa de 1 ponto de média. A edição local do Tá na Hora, por sua vez, teve apenas 2,3 pontos de média, contra 10,0 da Record, nesta quinta (13).

Financeiramente e estruturalmente, passou a ser mais vantajoso vazar a programação de São Paulo do que insistir em produtos regionais com baixo rendimento. A emissora não demitiu nenhum profissional com os cortes drásticos em sua programação regional, mas remanejou boa parte dos colaboradores envolvidos para a editoria nacional. A maior redução de custos acontece no setor operacional, já que é mais em conta produzir atrações mais enxutas — quanto menos tempo no ar, menos gastos com a área técnica e com eventuais freelancers.

A emissora testará a nova configuração de seus horários locais inicialmente apenas em Brasília. Se as mudanças derem certo (leia-se: a audiência não cair ainda mais, ao ponto de prejudicar os já ruins resultados da média 24 horas), serão implementadas em outras praças, como Rio de Janeiro e Porto Alegre, que tem a mesma estrutura de programação até então adotada pela filial da rede na capital federal. Procurada pela reportagem do TV Pop, a assessoria de imprensa do SBT não se manifestou até o momento da publicação deste texto.

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