A escalada de tensão no Iêmen EUA atacarem Houthis


Maior operação militar lançada pelos EUA desde a posse de Trump levou a Rússia a pedir diálogo entre as partes. Secretário de Defesa americano afirmou que campanha só acaba com recuo do grupo iemenita, que ataca navios no Mar Vermelho há pouco mais de um ano. Míssil é lançado após EUA iniciarem ataque contra houthis no Iêmen.
Reuters via BBC
Alvo de ataques aéreos lançados pelos EUA no sábado (15/3), os houthis acusaram o país de cometer “crimes de guerra” e ameaçaram escalar o conflito em resposta aos bombardeios.
O grupo rebelde apoiado pelo Irã controla o noroeste do Iêmen, país há uma década mergulhado em uma guerra civil, e há pouco mais de um ano vem atacando navios mercantes de bandeiras internacionais no Mar Vermelho, entre outras razões, em solidariedade aos palestinos por conta da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.
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A operação militar é a maior lançada pelos EUA desde a posse do presidente Donald Trump, que citou os ataques do grupo a embarcações no Mar Vermelho entre as justificativas para os bombardeios.
O republicano havia adicionado o grupo à lista do que os EUA consideram “organizações terroristas estrangeiras” dias depois de assumir a Casa Branca.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth disse no domingo (16/3) à rede de TV Fox News que a campanha contra os houthis deve se estender até que eles se desmobilizem completamente: “No momento em que os houthis disserem ‘Pararemos de atirar contra seus navios’, ‘Pararemos de atirar contra seus drones’, a campanha se encerra. Até lá, ela será implacável”.
“Trata-se de colocar um fim nos disparos contra ativos naquela hidrovia tão importante, para retomar a liberdade de navegação, que é um interesse nacional central dos Estados Unidos, e o Irã tem capacitado os houthis por tempo demais”, ele disse. “É melhor eles recuarem.”
Vídeos mostram ataque dos EUA contra Houthis
Em um comunicado, o gabinete político dos houthis disse estar preparado para enfrentar “escalada com escalada”.
A Rússia — que é aliada do Irã, país que é apontado como um dos financiadores do grupo iemenita — se manifestou pedindo o fim dos ataques.
Em ligação com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, argumentou pela abertura de um diálogo político entre as partes, “para encontrar uma solução que evite mais derramamento de sangue”.
Já o Irã condenou os bombardeios, classificando-os como uma “grande violação” da carta da ONU e do Direito internacional. O ministro das Relações Exteriores Iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que o governo americano não tinha “nenhuma autoridade nem direito de ditar a política externa iraniana”.
“Coloque um fim no apoio ao genocídio e terrorismo empreendidos por Israel”, o chanceler postou no X no domingo. “Pare de matar o povo iemenita.”
O Ministério da Saúde controlado pelos houthis divulgou que o número de mortos nos ataques chegou a 53 e que há 101 feridos.
Fumaça em bairro da capital do Iêmen, Sanaa, após bombardeio americano.
Getty Images via BBC
Região estratégica para o comércio marítimo
Desde novembro de 2023 os houthis têm atacado navios mercantes no Mar Vermelho e no Golfo de Aden usando mísseis, drones e barcos pequenos.
Desde então, algumas embarcações chegaram a tentar atravessar a passagem protegidas por navios de guerra, estratégia que não chegou a deter o grupo imenita, assim como as operações militares empreendidas pelos EUA e pelo Reino Unido no ano passado.
Israel também vem realizando ataques aéreos contra os houthis desde o último mês de julho, em retaliação aos 400 mísseis e drones que os militares israelenses afirmam terem sido lançados no país a partir do Iêmen, a maioria dos quais foi abatida.
Desde o início da crise na região, grandes companhias de navegação foram forçadas a parar de usar a rota marítima que passa pelo Mar Vermelho — que concentra quase 15% do tráfego comercial marítimo global — e usar uma rota bem mais longa, passando pelo sul da África.
O Mar Vermelho está ligado ao Canal de Suez, a rota mais rápida entre Ásia e Europa, particularmente importante no transporte de petróleo e gás natural liquefeito (GNL).
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