O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, no começo deste mês, seu aguardado pacote de tarifas comerciais. A medida estabeleceu sobretaxas a produtos importados pelos Estados Unidos.

As tarifas variam conforme o país, e chegam a até 49%. O Brasil sofrerá sobretaxa de 10%, a menor entre todas as alíquotas impostas, juntamente com Argentina e Reino Unido.
A Casa Branca esclareceu, após o anúncio, que os números correspondem as chamadas tarifas recíprocas. E que levam em consideração a manipulação da moeda e as barreiras comerciais supostamente impostas por outros países aos Estados Unidos.
O conceito de “tarifa recíproca” parte do princípio de buscar equiparar as alíquotas de importação impostas. Isto é, se o país A cobra, em média, 20% sobre produtos do país B, este então deve aplicar os mesmos 20% sobre produtos vindos do país A.
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Tarifa recíproca em três fatores
De acordo com o governo Trump, a metodologia empregou três fatores para estabelecer a tal tarifa recíproca. A diferença entre as tarifas de importação praticadas pelos Estados Unidos e pelo país em análise, a carga tributária de cada nação e a presença de barreiras não-tarifárias.
Entretanto, o que acabou sendo feito na prática, posteriormente confirmado pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), foi a aplicação de uma fórmula que divide o superávit comercial de um país com os EUA pelo total de suas exportações. Este resultado acabou sendo dividido por dois, gerando a chamada “tarifa recíproca com desconto”.
No caso da China, que registrou superávit de US$ 295 bilhões com os EUA em 2024, com exportações totais de US$ 438 bilhões, a razão foi de 68%. Aplicando a fórmula de Trump, o país foi submetido a uma tarifa de 34% (mais tarde majorada devido a retaliações do governo chinês).
Todavia, é curioso notar que até países com os quais os EUA têm superávit comercial, como é o caso do Brasil, acabaram também sendo tributados.
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“Erro econômico mais prejudicial da Era Moderna”
Para a The Economist, o anúncio das chamadas tarifas recíprocas foi “o erro econômico mais profundo, prejudicial e desnecessário da Era Moderna”.
A tradicional revista britânica disse ainda que as novas tarifas anunciadas pelo governo Trump são “quase tão aleatórias quanto tributar alguém pelo número de vogais em seu nome”. Também diz que “causarão estragos econômicos”, prejudicando consumidores e empresas.
O certo é que a medida marca uma guinada radical na política comercial americana. Além disso, eleva a incerteza sobre os rumos da economia global em geral, e da economia brasileira em particular, tendo potencial para causar inflação e desacelerar a economia mundial.
Neste momento, no qual os impactos de tais medidas são ainda incertos, a principal recomendação tem sido a de agir com cautela, especialmente no que se refere à aplicação de eventuais retaliações contra os norte-americanos.
Vale lembrar que a escalada do protecionismo pode e deve abrir uma janela de oportunidades. O fato de o Brasil ter sido menos taxado, quando comparado aos seus concorrentes diretos, faz com que os nossos produtos sejam relativamente mais “baratos” do que os de outros países. Isso ajuda a abrir o mercado brasileiro, especialmente nos setores mais competitivos de nossa economia.
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