Governo deve receber estudo sobre volta do horário de verão até segunda, diz ministro de Minas e Energia


Alexandre Silveira participou de evento da Enel em SP nesta quinta (12) e comentou sobre medidas para reduzir os impactos da atual crise hídrica sobre o setor elétrico. Após a análise, proposta será submetida a decisão do governo Lula. Ministro de Minas e Energia participa de evento da Enel em SP
Reprodução/TV Globo
O Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quinta-feira (12) que deve receber até a próxima segunda (16) o retorno do estudo sobre a volta do horário de verão.
A medida é considerada para reduzir os impactos da atual crise hídrica sobre o setor elétrico. Após a análise, a proposta será submetida a decisão de governo.
“O horário de verão é uma possibilidade, mas ele tem toda uma estrutura sendo construída em torno das soluções globais para que a gente atravesse o período do verão. Eu vou receber esse trabalho até segunda-feira e se ele apontar por esse caminho nós vamos submeter claramente a uma decisão de governo, já que ele tem também repercussões em algumas áreas até positivas. No comércio, por exemplo, no turismo, em bares e restaurantes, tem muita gente que entende que o horário de verão é um horário inclusive que robustece a economia.”
“Vamos estudar isso com serenidade. É uma conjugação entre a segurança energética, tão fundamental, da melhor qualidade da prestação e serviço das distribuidoras e da robustez da economia nacional”.
Enel
Silveira participou de evento da Enel em São Paulo nesta quinta (12). Na ocasião, ele afirmou que o país não enfrenta uma crise energética e defendeu que não haverá racionamento.
“O setor elétrico hoje tem planejamento e quero deixar de público, peremptoriamente claro, que não haverá racionamento, que não tem problema de energia no Brasil. O que nós queremos com essa racionalização determinada por mim e pelo presidente Lula a ONS [Operador Nacional do Sistema] é buscar o equilíbrio entre a segurança energética e a modicidade tarifária.”
Ele também comentou sobre a atuação do governo federal na fiscalização da distribuidora, que registrou esse ano inúmeras falhas na prestação de serviço.
“Fiz duras exigências as distribuidoras, em especial naquela discussão que fizemos de modernização dos contratos de distribuição, e em especial à Enel. E eu coloquei de forma objetiva para a Enel que ela passará por um estágio probatório com o governo brasileiro.”
Ainda de acordo com o ministro, foi cobrado da Enel que contrate mais servidores, melhorar a qualidade dos serviços, contratar mais veículos e ter um parque gerador mais forte.
Histórico
Na quarta-feira (11), em entrevista a jornalistas, o ministro já tinha confirmado que a proposta estava na pauta do governo.
Entretanto, segundo apurou o g1, ela é encarada como uma decisão política do governo, e não técnica.
Ministro defende debate mais amplo sobre o horário de verão.
Isso porque a retomada do horário de verão não traz uma economia significativa de energia. Na verdade, a mudança se dá no horário em que as pessoas consomem mais.
Dessa forma, a medida poderia ajudar a operação do sistema elétrico ao deslocar o pico de consumo, que costuma ocorrer no início da noite.
Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Ao mesmo tempo, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.
No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
Com a redução dos reservatórios e menor geração por usinas hidrelétrica, por causa da seca, é necessário acionar mais termelétricas — caras e que poluem mais — para atender ao pico de consumo.
“A solar não está mais produzindo, no início da noite normalmente a eólica produz menos, então nós precisamos de despachar a térmica. Se a gente puder diluir isso no horário de verão, talvez seja um ganho que vá dar a robustez, inclusive ao sistema”, disse Alexandre Silveira.
A afirmação de Silveira foi endossada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, no início da tarde desta quarta.
Alckmin mencionou que o horário de verão “pode ser uma boa alternativa para poupar energia” e que “procurar evitar o desperdício” e “fazer uma campanha” ajudam também.
Horário permanente desde 1985
O horário de verão foi instituído pela primeira vez em 1931, no governo de Getúlio Vargas. Mas só passou a ser adotado com constância a partir de 1985.
A medida foi criada para aproveitar a iluminação natural durante o verão, quando os dias são mais longos e as noites mais curtas. Dessa forma, há economia de energia e redução do risco de apagões.
Suspensão no governo Bolsonaro
Em 2019, no governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi suspenso. A medida já era avaliada no governo de Michel Temer (MDB ).
Na ocasião, o governo afirmou que o adiantamento dos relógios em uma hora perdeu “razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico”, por conta de mudanças no padrão de consumo de energia e de avanços tecnológicos, que alteraram o pico de consumo de energia.
A suspensão do horário de verão resistiu inclusive à crise hídrica de 2021. Na época, o governo chegou a estudar a retomada da política, solicitando um parecer do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

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