Caso Anic: assassino confesso diz que advogada se urinou no momento em que foi morta e corpo foi concretado em pé


Corpo que seria de Anic foi desenterrado com algema em uma das mãos. ‘Era uma algema patrimônio da Polícia Civil do Rio de Janeiro. E essa algema estava em uma das mãos da Anic’ , disse Flávia Froes. Defesa de Lourival Fatica concede entrevista coletiva em hotel da Zona Sul do Rio na manhã desta sexta (27)
Henrique Coelho / g1
Dois dias depois da polícia encontrar o corpo de Anic Herdy enterrado e concretado em Teresópolis, a defesa de Lourival Fatica, que confessou o homicídio, concedeu uma nova entrevista nesta sexta-feira (27).
A advogada Flávia Froes detalhou como Lourival matou a vítima. Segundo Froes, ele disse que matou Anic no motel e que ela teria se urinado quando foi golpeada. A vítima teria sido levada algemada para o local. Após o crime, Lourival teria vestido as roupas em Anic.
Ainda de acordo com a defesa, o corpo teria sido colocado em pé, depois colocado terra e concretado.
“Era uma algema patrimônio da Polícia Civil do Rio de Janeiro. E essa algema estava em uma das mãos da Anic, como ele narrou que estaria” , afirmou Flávia Froes.
Busca e apreensão na casa de viúvo
Na quarta-feira (25), agentes da 105ª DP (Petrópolis) cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Benjamin Cordeiro Herdy, viúvo da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy, assassinada em 29 de fevereiro em Petrópolis
Segundo o delegado Nei Loureiro, o objetivo foi coletar imagens de câmeras de segurança para tentar pegar do histórico de gravações da residência do empresário um registro que, segundo a defesa de Lourival Fatica, comprovaria que Benjamin é o mandante do crime.
Caso Anic: polícia recolhe imagens de câmeras da casa do viúvo após denúncia de assassino confesso
A defesa dos Herdy não se manifestou sobre o mandado de busca, mas anteriormente rechaçou a acusação.
Nesta quinta-feira (26), peritos confirmaram que o corpo encontrado na casa de Lourival, após ele revelar o paradeiro durante audiência na Justiça, é de fato de Anic. A comprovação veio com a análise da arcada dentária.
Anic
Arquivo Pessoal
Entenda a denúncia de Lourival
Na última terça-feira (24), a advogada Flávia Froes, que representa Lourival Fatica, convocou uma coletiva em que afirmou, sem provas, que Benjamin Herdy mandou matar Anic.
“Benjamin determinou a morte desde o mês de janeiro, e o sequestro foi uma forma de encobrir esse crime”, afirmou Flávia.
“Todo o plano foi forjado por ambos, e só não deu certo porque a filha de Benjamin gravou uma conversa dela com Benjamin e Lourival, em que ela estranha o crime”, prosseguiu.
“Durante todo o período do falso sequestro, Benjamin e Lourival estiveram juntos. As antenas dos celulares de Lourival e Benjamin vão provar que ambos estavam no mesmo lugar e fizeram tudo juntos”, acusou. “Lourival utilizou o telefone da Rebecca [amante] para se movimentar, e manda a mensagem de Guapimirim para Benjamin após o assassinato.”
A advogada também apresentou uma carta supostamente escrita por Lourival da cadeia, nesta segunda (23), em que apresenta a confissão.
“Eu, Lourival C. N. Fatica, declaro que o Benjamin Cordeiro Herdy me mandou matar sua esposa, Anic Herdy, e que a compensação financeira é mera cortina de fumaça.”
Carta supostamente escrita por Lourival Fatica
Reprodução
Nenhum indício, diz delegada
Delegada que coordenou as investigações, Cristiana Onorato Miguel disse ao g1 e à TV Globo que nada foi encontrado contra o marido de Anic.
“Ao contrário do telefone do Lourival, que foi totalmente apagado por ele, o telefone do Benjamim foi periciado e vasculhado de ponta a ponta. Nenhum indício nesse sentido foi encontrado”, afirma.
Defesa rechaça acusação
O advogado João Vitor Ramos, que representa o viúvo, disse que a nova versão apresentada por Lourival “se trata de mais um ato de desespero e de crueldade” e que tanto ele quanto seus procuradores serão processados.
“Em relação à 2ª entrevista coletiva convocada e prestada pela defesa de Lourival, a família de Anic entende que se trata de mais um ato de desespero e de crueldade.
Diante do óbvio e inevitável fracasso em tentar imputar a responsabilidade à própria vítima, tese que tentou emplacar quando do início das investigações, Lourival novamente altera a sua versão e agora, após a conclusão das investigações, adota a patética estratégia de desestabilizar Benjamim e Lara [filha], que em breve serão ouvidos em declarações na instrução criminal, ao atribuir a autoria ao marido da vítima.
Como se observa, retirar a vida de Anic não satisfez Lourival. A dor e o sofrimento do marido e dos filhos da vítima também não foram suficientes. Acuado pelo iminente início da instrução processual, que certamente culminará na sua condenação, assim como de todos os indiciados pela autoridade policial e denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Lourival utiliza o holofote proporcionado pela repercussão do caso para se promover e para prosseguir na missão de destruir aquilo que nunca foi capaz de alcançar em sua vida e que sempre invejou em Benjamim, Anic, Nickolas e Lara: A união e o amor de uma família.
Lamentavelmente, essa empreitada conta com o apoio da defesa, que deveria se limitar ao aspecto técnico. Talvez acreditando que o exercício do inafastável direito de defesa lhe confere imunidade absoluta, Lourival, por intermédio dos seus procuradores, há muito prática reiterados abusos e excessos, incluindo-se, a toda evidência, a falsa imputação pública de crime a Benjamim.
Embora a emoção e a impulsividade reclamem resposta à altura, a família de Anic e seus advogados seguirão firmes no respeito ao devido processo legal, sempre observando o sigilo do processo criminal e, principalmente, atuando e dialogando nos estritos limites institucionais.
Portanto, como consequência das declarações formuladas na entrevista coletiva em questão, Lourival e seus procuradores serão demandados na esfera cível, criminal e disciplinar.
No mais, a família de Anic segue acreditando no Poder Judiciário e, principalmente, na minuciosa investigação conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que há meses identificou e denunciou os efetivos responsáveis pelo assassinato de Anic.”
Caso Anic
Reprodução

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