Conheça todas as rainhas das escolas de Samba do Rio de Janeiro

O posto de rainha de bateria é um dos mais cobiçados e de maior destaque nos desfiles das escolas de samba. Embora a performance não conte pontos na apuração, ela atrai multidão de admiradores, flashes e movimenta a energia das comunidades que vivem intensamente o carnaval. Nos dias 2, 3 e 4 de março, elas roubarão a cena na Marquês de Sapucaí.

As rainhas possuem perfis diversos e geram grandes expectativas no público. Neste ano, a lista de musas sacudiu o mundo do samba, com anúncios marcantes: a despedida de Paolla Oliveira, que vive seu último ano na Grande Rio, e a ausência de Lexa, que enfrentou a perda da filha no início de fevereiro.

Unidos de Padre Miguel – Andressa Marinho

Com a Unidos de Padre Miguel de volta ao Grupo Especial, Andressa Marinho se destaca como um dos principais rostos da escola. Criada na Vila Vintém, na Zona Oeste do Rio, ela carrega a identidade da comunidade que viu a vermelho e branco crescer. Aos 22 anos, estreia no cobiçado posto da Sapucaí.

Apesar da visibilidade, a nova rainha mantém a rotina simples. Mora com os pais, o irmão e o filho de dois anos. Além do samba, concilia o trabalho como professora de dança e coreografa e se prepara para ingressar na faculdade de Educação Física.

A Unidos de Padre Miguel homenageia neste carnaval o primeiro terreiro de candomblé do Brasil.

Imperatriz Leopoldinense – Maria Mariá

Cria do Complexo do Alemão, Maria Mariá chega ao terceiro ano como rainha da Imperatriz Leopoldinense, cada vez mais consciente do seu papel na escola. No entanto, o frio na barriga ao pisar na avenida segue o mesmo.

Eleita passista rainha em 2022, Maria acumula funções dentro e fora do samba: é estudante de Comunicação Social da UFRJ, prestes a se formar, e faixa preta de taekwondo. Além disso, está à frente de diversas iniciativas sociais que fortalecem projetos em sua comunidade.

A Imperatriz Leopoldinense trará para a avenida a saga de Oxalá e sua jornada até o reino de Xangô.

Unidos do Viradouro – Erika Januza

No quarto ano de reinado à frente da bateria da Viradouro, a atriz Erika Januza continua apaixonada pelo posto. Mineira de Contagem, cresceu assistindo, pela TV, ao espetáculo de luzes e cores da Sapucaí – sem imaginar que um dia estaria no meio dele.

Hoje, realiza o sonho de infância sambando e representando a comunidade de Niterói, que a acolheu com carinho. No ano passado, quando a Viradouro comemorou o título, foi flagrada no meio da multidão, chorando – sem camarote nem espaço VIP, mas entre os torcedores.

A Viradouro contará a história de Malunguinho, líder do Quilombo do Catucá, em Pernambuco, no século XIX.

Estação Primeira de Mangueira – Evelyn Bastos

Dona de um dos reinos mais longos da Sapucaí, Evelyn Bastos chega ao 12º ano como rainha da Mangueira, sempre fiel ao seu estilo. A versatilidade e o comprometimento com o samba fazem dela uma referência.

Muito além do brilho na avenida, Evelyn ocupa posições de liderança no carnaval: é diretora cultural da Liesa, presidente da Mangueira do Amanhã – escola mirim onde começou sua trajetória – e dá aulas de samba. Além disso, é professora de História e Educação Física.

A Mangueira celebrará neste carnaval a herança bantu no Rio de Janeiro.

Unidos da Tijuca – Lexa

Rainha de bateria da Unidos da Tijuca, Lexa não desfilará este ano. A cantora e seu marido, MC Guimê, enfrentaram a perda da filha, Sofia, que faleceu três dias após o parto. Em sinal de respeito, a escola decidiu que não haverá substituta no posto.

A Unidos da Tijuca levará para a avenida o enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”.

Beija-Flor – Lorena Raíssa

Aos 18 anos, Lorena Raíssa é a rainha de bateria mais jovem do Grupo Especial, mas já carrega experiência. Este será seu terceiro ano no posto da Beija-Flor, conquistado após um concorrido concurso interno.

Apesar da pouca idade, a relação de Lorena com a escola vem de longa data: há 12 anos ela pisa na avenida como integrante da Beija-Flor. Este ano, sua passagem pela Sapucaí terá um detalhe especial: ela desfilará grávida de quatro meses.

A Beija-Flor de Nilópolis homenageará Laíla, lendário diretor de carnaval da escola.

Salgueiro – Viviane Araújo

No posto há impressionantes 17 anos, Viviane Araújo é a rainha de bateria mais longeva do Grupo Especial. Sua trajetória no carnaval começou nos anos 1990, desfilando por diferentes escolas, mas foi no Salgueiro que seu nome se tornou uma lenda. Com carisma, dedicação e um samba no pé inconfundível, ela conquistou o título de “rainha das rainhas”, um reconhecimento de sua popularidade e influência na folia.

Mesmo com a intensa rotina de atriz, Viviane nunca deixou de se entregar ao samba, sendo uma das rainhas mais queridas pelo público e pela comunidade salgueirense.

Neste ano, o Salgueiro traz para a avenida o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, um mergulho nos rituais de proteção presentes em diversas culturas ao longo da história.

Vila Isabel – Sabrina Sato

A maratona intensa do carnaval não é um obstáculo para Sabrina Sato – pelo contrário, é a realização de um sonho. Criada em Penápolis, no interior de São Paulo, ela cresceu assistindo aos desfiles da cidade e às transmissões do Rio e de São Paulo ao lado de sua avó, Luiza, que a ensinou a amar o samba.

Além do reinado na Vila Isabel, Sabrina também brilha em São Paulo como rainha de bateria da Gaviões da Fiel, acumulando experiências que fizeram dela uma das figuras mais emblemáticas da folia.

A Vila Isabel levará para a Sapucaí o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece”, explorando as crendices e os mistérios do imaginário popular.

Mocidade – Fabíola de Andrade

No seu segundo ano como rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, Fabíola de Andrade já se consolidou como um dos grandes nomes da nova geração de musas do carnaval. Sua estreia em 2023 foi marcante, chamando a atenção pelo carisma e pela energia contagiante ao sambar à frente da bateria “Não Existe Mais Quente”.

A relação de Fabíola com a Mocidade vai além da Sapucaí: envolvida com a escola há anos, ela representa com orgulho a comunidade de Padre Miguel.

Este ano, a Mocidade Independente de Padre Miguel traz um enredo reflexivo, fazendo um pedido de conscientização da humanidade sobre o próprio futuro.

Paraíso do Tuiuti – Mayara Lima

Se existe uma rainha coroada pelo povo, essa é Mayara Lima. No posto desde 2022, ela foi aclamada pela própria comunidade da Paraíso do Tuiuti. Sua ascensão veio após viralizar em um vídeo onde sambava em sincronia perfeita com a bateria Super Som, encantando o mundo do carnaval e consolidando seu espaço como uma das grandes estrelas da folia.

Com forte presença na escola e nas redes sociais, Mayara se tornou uma referência da nova geração de sambistas.

A Paraíso do Tuiuti levará para a avenida o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo”, contando a história da primeira mulher trans documentada no Brasil.

Grande Rio – Paolla Oliveira

O ciclo de Paolla Oliveira como rainha de bateria da Grande Rio chega ao fim neste carnaval. A atriz, uma das mais populares do Grupo Especial, anunciou sua despedida do posto para se dedicar a novos projetos profissionais.

À frente dos ritmistas comandados pelo mestre Fafá, Paolla ajudou a escrever um capítulo importante na história da escola: em 2022, a Grande Rio conquistou seu primeiro título no Grupo Especial. Com carisma e dedicação, a atriz foi peça fundamental na construção dessa vitória.

Para sua despedida, a Grande Rio trará um enredo que exalta as Pororocas Parawaras e as riquezas culturais do Pará.

Portela – Bianca Monteiro

Se há uma rainha que carrega as raízes da escola em sua história, essa é Bianca Monteiro. Nascida e criada em Madureira, berço da Portela, ela começou na azul e branca como passista e nunca mais saiu.

Desde 2016, brilha à frente da bateria Tabajara do Samba, representando com orgulho a escola. Além do samba, Bianca também se dedica à preservação da cultura, sendo fundadora da Oficina de Artes Paulo da Portela, um projeto que promove o ensino do samba para as novas gerações, garantindo que a tradição nunca se perca.

Neste ano, a Portela prestará uma grande homenagem à vida e obra de Milton Nascimento, celebrando sua trajetória e sua contribuição para a música brasileira.