Carne, a grande vilã da inflação

Preço da carne sobe 20,8% em 2024: a maior alta em 5 anos. Entenda os motivos e as perspectivas para 2025

O preço da carne registrou alta de 20,8% em 2024, tornando-se o maior aumento desde 2019, quando subiu 32,4%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço colocou a carne como o principal responsável pela inflação alimentar do ano passado, contribuindo com 0,52 ponto percentual para a alta de 7,69% nos alimentos.

Entre os cortes populares que mais subiram estão:

  • Acém: alta de 25,2%
  • Patinho: aumento de 24%
  • Contrafilé: valorização de 20%

A alta começou a se consolidar a partir de setembro, após meses de quedas consecutivas no preço. Especialistas apontam que quatro fatores principais explicam o cenário: o ciclo da pecuária, eventos climáticos, aumento das exportações e maior poder de compra da população.

Ciclo da pecuária impacta oferta de carne

O ciclo pecuário desempenhou um papel crucial na redução da oferta de bovinos. Entre 2023 e 2024, o Brasil registrou abates recordes, ultrapassando 10 milhões de cabeças no terceiro trimestre de 2024, de acordo com o IBGE.

Porém, a partir do final de 2024, o ciclo começou a se inverter, reduzindo a disponibilidade de animais para abate. Isso provocou um aumento de 32% no preço do bezerro entre julho e dezembro, conforme análises do Cepea/USP. Especialistas explicam que, com a rentabilidade na produção de bezerros, muitos pecuaristas optaram por reter as fêmeas para reprodução, diminuindo a oferta de carne no mercado. Essa dinâmica deve manter os preços pressionados em 2025, com tendência de alta até 2026.

Clima severo e queimadas afetam pastagens

O clima também foi determinante. A seca e as queimadas registradas em 2024 reduziram significativamente a produção de pastagens, principal alimento dos bovinos. Com menos pasto, muitos pecuaristas evitaram confinar os animais devido aos custos elevados, o que reduziu a oferta de boi gordo no mercado.

Exportações crescem 25% e batem recorde

O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, registrou um recorde em 2024, com 2,8 milhões de toneladas exportadas, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Entre os motivos para o aumento estão a diminuição da oferta em países como Estados Unidos e Austrália, além da alta do dólar, que favoreceu os exportadores brasileiros. Analistas do setor destacam que o aumento nas exportações reduziu a carne disponível para o mercado interno, elevando os preços para os brasileiros.

Enquanto no Sudeste o preço do quilo da carne subiu 9,1%, no Norte, que consome carne de pequenos produtores locais, houve uma queda de 0,4%.

Maior renda aquece o consumo interno

No mercado interno, a valorização do salário mínimo e a queda do desemprego impulsionaram as compras de carne bovina. O pagamento do 13º salário e as festas de fim de ano também mantiveram a demanda pela proteína em alta. Especialistas observam que, quando há mais dinheiro no bolso, os consumidores brasileiros tendem a priorizar a carne bovina como preferência nacional.

Perspectivas para 2025

Com a oferta limitada e a demanda interna e externa aquecidas, especialistas preveem que o preço da carne continuará em alta em 2025, com impacto que pode se estender até 2026. Para os consumidores, a recomendação é buscar alternativas de cortes ou proteínas, já que o cenário atual apresenta poucas chances de redução nos preços.

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