Contrariando o passado, professora mostra que balé é sim para todos

Contrariando o passado de uma das danças mais antigas do mundo, a professora de balé, Nohemi Pacheco, de 27 anos, dedica os dias para tornar o estilo, criado no século XIV, acessível e mostrar que ele é sim feito para todas as pessoas, sem distinção de classe social ou condições físicas e intelectuais.  Historicamente, quem praticava a dança eram pessoas com poder aquisitivo. Os movimentos suaves e as roupas que lembram a chamada ‘alta classe’ não estavam ao alcance de toda sociedade. Isso porque era elitista (pertencia a elite) e tradicional, ou seja, restrito a padrão de comportamento, vestimenta e condições financeiras. Nohemi explica que embora a história do balé seja carregada de preconceitos e historicamente associada a um público específico, ele foi democratizado e está presente nas diversas camadas sociais.  “Acredito que a dança é para todos. Ela é uma linguagem universal que permite a expressão pessoal e a superação de limites. Hoje vemos cada vez mais iniciativas e projetos sociais que democratizam o acesso ao Balé, oferecendo a oportunidade para crianças de diferentes realidades explorarem essa arte e encontrarem seu lugar nela. A dança, seja clássica ou contemporânea, é para quem tem vontade de se expressar, aprender e crescer”.  A jornada de Nohemi começou cedo. Aos 5 anos ela já integrava diversos grupos de dança da Capital. Segundo ela, foi nesse ambiente que ela começou a enxergar o Balé como ferramenta de transformação social e isso a  inspirou a seguir a carreira  como professora. “Aos 14 anos comecei a me aprofundar nos estudos de dança, com o apoio e esforço da minha mãe, que trabalhou duro para custear os cursos e me incentivar a seguir esse sonho. A maior parte da minha formação aconteceu em projetos sociais, espaços que me deram a oportunidade de aprender e crescer como bailarina”.  “Democratizando o passado”  Nohemi explica que já deu aula para inúmeros alunos, cada um com suas particularidades. Entre eles, estudantes de Balé neuro divergentes, surdos e com mobilidade reduzida “Encaro isso como uma grande responsabilidade, que me traz imensa alegria. Amo cada um deles e me dedico ao máximo para que tenham boas lembranças das minhas aulas, além de experiências positivas no Balé. Meu maior desejo é que, ao crescerem, se tornem adultos incríveis”.  Ela comenta que desde criança pensa sobre como incluir pessoas em atividades que constantemente as exclui e que ainda na escola aprendeu libras para conseguir conversar com as amigas surdas.  “Aos poucos fui me conscientizando sobre questões que antes não percebia e comecei a me perguntar como seria viver em um mundo onde poucos se dedicam a entender realmente como o outro sente e vive. Essa reflexão me motivou a buscar formas de tornar o Balé mais inclusivo, oferecendo às crianças com diferentes necessidades a oportunidade de se expressar e se desenvolver através da dança”.  Além de ensinar a dança, Noemi leciona de português e Libras e se considera uma ‘professora encantada’, pois o objetivo dela é levar o encanto do Balé para todos. Livro  Para mostrar as paixões por ensinar as palavras e a dança, ela uniu as duas em uma coisa só, uma série de livros ilustrados chamada “Danceville”. Ela fala sobre histórias de inclusão com personagens únicos em cada livro. A ideia é trazer uma reflexão sobre o assunto e dar voz aos protagonistas de forma lúdica. O texto é voltado ao público infantil. Ao todo, serão seis histórias. O primeiro já foi lançado e se chama ‘O segredo do Tatu’. Nhoemi relata que começou a escrever aos 18 anos e que escolheu o livro de abertura da série por ser repleto de magia. Ela adianta que a segunda história já está sendo ilustrada e retrata a vida de uma protagonista surda.  “Ainda temos outros volumes com bailarinas que usam próteses, cadeiras de rodas e muito mais. A ideia sempre foi trazer a inclusão nas histórias, para que as crianças se reconheçam nos personagens e entendam que todos têm seu lugar na dança e na vida”. ‘O segredo do Tatu’ também foi traduzido para o inglês, por Wagner Luis Bertoldo, para ampliar o alcance da história. As ilustrações são de Emmily Kamily Coutinho.  Acompanhe o  Lado B  no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e  Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp  (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .
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