Suspeito de matar ex-namorada a facadas é preso e confessa crime no interior do Acre


Pedro Tarik, de 23 anos, disse a policiais que cometeu o crime por ciúmes. Graziely Lima de Oliveira, de 19 anos, havia rompido relacionamento há cerca de um ano, mas o suspeito nunca aceitou o término. Ele teve prisão preventiva decretada. Pedro Tarik é o suspeito de ter matado Graziely Lima de Oliveira a facadas em Mâncio Lima, no Acre
Reprodução
O suspeito de matar a estudante de farmácia Graziely Lima de Oliveira, de 19 anos, assassinada a facadas na última sexta-feira (17) em Mâncio Lima, interior do Acre, Pedro Tarik, de 23 anos, foi preso, depois de passar quase 24h foragido, na noite desse sábado (18).
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A vítima foi encontrada caída na rua por uma irmã dela, que voltava da festa do próprio aniversário na madrugada de sexta (17). O suspeito desferiu cerca de 12 facadas na ex-namorada e ainda bateu na cabeça dela com um pedaço de madeira, o que a deixou desfigurada.
Agentes do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) localizaram uma motocicleta usada por Tarik na entrada de uma trilha. A polícia descobriu que ele estava escondido em uma fazenda na região, e chegaram até ele, que decidiu se entregar ao ver a presença do delegado Marcílio Laurentino e outros três agentes.
“Logo pela manhã, já havíamos representado pela prisão preventiva do autor. Quando ele se aproximou do quadriciclo, demos voz de prisão”, disse o delegado.
Tarik estava escondido em uma fazenda e foi encontrado por operação conjunta entre Gefron e delegacia de Mâncio Lima
Polícia Civil
Segundo a polícia, o jovem confessou o crime após ser levado à delegacia, e afirmou que assassinou Graziely por ciúmes. Ele disse ter reatado o relacionamento com a vítima, mas que havia suspeitado de traição por parte dela, o que, de acordo com relatos de amigas de Graziely ao g1, não procede. (Confira mais abaixo)
Como mencionado pelo delegado, havia um pedido de prisão preventiva decretado contra o suspeito. Citando a violência do crime e a garantia da ordem pública, a juíza Adamarcia Machado Nascimento concedeu a medida.
“O crime, pela sua gravidade e pelo modo de execução, abala profundamente a comunidade local, gerando insegurança e temor, especialmente entre mulheres”, afirmou a magistrada.
Suspeito foi até a casa de Graziely
Conforme apurado pelo g1, a irmã da vítima disse à polícia que, na noite do crime, a mãe delas relatou que ouviu alguém chamar Graziely no portão de casa, e que, quando foi olhar, viu a jovem levando um copo d’água para o suspeito.
Ele também pediu para fazer uma ligação no celular da vítima, e ambos ficaram conversando por um tempo. Logo depois, segundo a irmã da vítima ouviu da mãe, Graziely entrou em casa, pegou um capacete, saiu de moto com Tarik, e não voltou mais.
A irmã de Graziely estava voltando para casa acompanhada de um amigo na madrugada de sexta-feira quando foi avisada por dois homens que havia um corpo naquela rua, e, quando foi olhar, percebeu que era sua irmã e entrou em desespero.
Crime abalou Mâncio Lima
O g1 conversou com três amigas de infância de Graziely. Segundo as jovens, a família da estudante está muito abalada e sem condições de falar sobre o caso.
Havia a suspeita ainda de que a estudante tivesse sofrido abuso sexual. Contudo, o delegado Marcílio Laurentino disse ao g1 neste sábado (18) que a vítima estava pronta para dormir quando o suspeito chegou até a casa dela e a chamou.
“A justiça tem que ser feita, ele tem que pagar por tudo. Além de amiga, peço isso como mãe também porque o que a dona Ivone [mãe de Graziely] está passando neste momento é horrível; como irmã porque os irmãos dela a amavam por ser uma pessoa maravilhosa, doce e gentil com todos”, lamentou a operadora de caixa Ketila Santos da Silva, de 22 anos.
Morte de Graziely Lima de Oliveira abalou moradores de Mâncio Lima, no interior do Acre
Reprodução/Instagram
Relacionamento abusivo
Ketila da Silva era amiga de Graziely há 14 anos e disse que vítima contou que namorado era ciumento
Arquivo pessoal
Grazy e Pedro, suspeito pelo crime, namoraram entre 2023 e início de 2024. Kétila contou que a estudante terminou o relacionamento por conta do ciúmes do ex e alguns comportamentos abusivos.
“Era possessivo. Tentou bater nela algumas vezes com ciúmes, causou transtornos psicológicos por conta disso. Ela não ‘deu parte’ [acionou a Justiça] porque não acreditava que ele faria isso, acreditava que era muito bom, foi a pessoa que ela mais amou”, reforçou.
Segundo Kétila, após o fim do relacionamento, Grazy se mudou para Cruzeiro do Sul, cidade vizinha, para morar com uma irmã e se afastar do ex. A jovem havia voltado para Mâncio Lima há cerca de um mês e, ao saber disto, Pedro passou a mandar mensagens alegando que se ela não reatasse o relacionamento, ele iria tirar a própria vida.
“Ele foi na casa dela cerca de três vezes naquela noite, pediu água, ela deu e depois pediu o telefone dela para fazer uma ligação. Falaram que ele estava usando drogas há três dias. A mãe dela falou que viu ela com alguém e perguntou quem era, ela respondeu: ‘é o Pedro, ele está pedindo água’. Na segunda vez, ele pediu o telefone dela e na terceira chamou ela para sair, mas a mãe dela não viu ela saindo”, contou.
Ainda de acordo com a operadora, vizinhos viram Grazy saindo de moto com o suspeito. A casa dele fica próximo da casa da vítima. “As informações que temos é que ele nem entrou na residência, já tinha isso na cabeça. Souberam que era ele [o suspeito do crime] porque as marcas de sangue vinham da casa dele até onde ela estava”, explicou.
Kétila acredita que o criminoso tenha praticado o crime porque Grazy não aceitava reatar o relacionamento.
“Ela não queria isso para a vida dela, tinha percebido que ele não era para ela. Ele era sempre ciumento, fez ela desinstalar a rede social dela. [Grazy] Aceitou porque gostava dele”, concluiu.
‘Cheia de sonhos’
Janiquele Costa e Shayane Costa também eram amigas de longa data de Grazy. Janiquele mora em Cuiabá (MT) e está no município para visitar familiares e conhecidos. Para ela, mesmo sem saber, os últimos dias foram de despedida com a amiga.
“Estávamos juntas em todos os eventos, frequentávamos a mesma igreja e todas as datas, tanto boas como ruins, sempre estivemos perto uma da outra. Sempre foi uma menina cheia de sonhos, queria ser policial em homenagem ao pai. Pedimos que a justiça seja feita, fica o legado de uma pessoa nobre, honesta, exalava amor por onde passava, era uma ótima filha e sempre se preocupou e cuidou dos pais com muito amor e carinho”, afirmou Janequele.
Janequele e Grazy eram amigas de longa data
Arquivo pessoal
A morte de Grazy abalou os moradores de Mâncio Lima. Shayane revelou que Grazy era sua confidente, que dividiam os planos de vida, sonhos e projetos. Emocionada, a jovem lembrou de um dos últimos momentos juntas.
“Passamos horas no telefone conversando falando sobre a vida, contei coisas que tinham acontecido nos últimos dias, ela me falou sobre os dias dela também. No mesmo dia fui para a casa dela, estávamos super felizes, eu, ela e a irmã dela. Ainda fiz o cabelo dela, que era a coisa mais linda, ela estava linda, cheia de vida, tão feliz, cheia de planos. Nunca imaginávamos que isso poderia acontecer, ela não merecia, era uma pessoa do coração bom”, recordou.
Shayane Costa chegou a arrumar o cabelo da amiga dias antes do crime
Arquivo pessoal
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar:
Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
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