Samuel deixa a Polícia Militar para transformar gentileza em tatuagem

Após quatro anos trabalhando como policial militar, Samuel Chaparro Rosa de Oliveira, de 28 anos, decidiu deixar a farda para trás para buscar um “lugar de paz” e fugir da rotina repleta de violência de sua antiga profissão. A mudança radical também foi uma oportunidade para explorar sua criatividade ao transformar as histórias das pessoas em tatuagens autorais. Samuel conta que desenha desde os cinco anos de idade, e a principal motivação para deixar a polícia foi justamente o desejo de estar em um ambiente em que pudesse ter um contato mais direto e humanizado com as pessoas, além de desenvolver sua liberdade artística. O interesse pela tatuagem surgiu aos 18 anos, e Samuel afirma que, quanto mais exercia o ofício, mais sentia que aquela era a profissão que fazia seus olhos brilharem. Foi então que decidiu tomar uma decisão definitiva e pediu baixa da polícia. Sobre os anos em que trabalhou como policial, ele diz que foi uma experiência interessante e uma parte importante de sua vida, mas que há algum tempo já desejava mudar de carreira. Ele afirma que deixou a profissão sem a intenção de voltar. “Por mais que o meio policial tenha me agregado muita coisa, a profissão lida com muita violência, e eu já estava cansado disso. Então resolvi buscar um lugar de mais paz, mais artístico. E hoje em dia existe uma diferença muito grande, porque antigamente eu era chamado para resolver problemas; agora, sou chamado para realizar sonhos, e isso me deixa muito feliz”, expressa. Quando começou a tatuar, Samuel percebeu que desenhar na pele era diferente de desenhar em um quadro ou em uma parede, pois se tratava de uma “tela” real, carregada de sentimentos. Por isso, ele sentiu a necessidade de retratar a complexidade das experiências, reflexões, memórias e emoções humanas. “Quando as pessoas vinham, muitas vezes queriam retratar uma memória, uma história, algo importante para elas. Então, decidi unir isso a algo que eu também gostava, que era escutá-las. Assim, desenvolvi meu estilo, que chamo de ‘Linhas Invisíveis’, justamente com o intuito de materializar aquilo que não pode ser visto, apenas sentido”, explica. Para que isso seja possível, Samuel garante ser um bom ouvinte. Ele conta que conversa com os clientes, muitas vezes por videochamada, fazendo várias perguntas para entender a história que a pessoa deseja contar e como gostaria de retratá-la. “A partir desse momento, faço algumas anotações, escolhemos a parte do corpo que será tatuada, e começo meu processo criativo, onde utilizo símbolos e formas para representar aqueles sentimentos. Busco transformar isso em um símbolo de potência, para que a pessoa consiga olhar e lembrar de algo bacana da vida dela, algo que a deixe feliz, ou até mesmo ressignificar algum trauma ou luto”, completa. Outro detalhe é que Samuel não trabalha com referências, então não é preciso se preocupar em levar nenhuma. Ele frisa: “Eles só precisam trazer a história deles, e o resto é comigo.” Para finalizar, Samuel relata que sua vocação sempre foi ajudar as pessoas, o que justifica seu apelido de ‘Gentileza’. Ele expressa ser bastante comunicativo e ter facilidade em resolver conflitos. No final de sua carreira como policial, passou a trabalhar em um departamento responsável por fiscalizar as medidas protetivas de vítimas de violência doméstica. Antes de sair da corporação, conta que realizou diversas palestras em escolas, incluindo a “Maria é Para os Fortes”, que ele desenvolveu com o objetivo de conversar com crianças e adolescentes sobre relacionamentos e respeito às mulheres. Acompanhe o  Lado B  no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e  Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp  (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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