O que está acontecendo com os FI-Infra?

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O que está acontecendo com os FI-Infra?

Os fundos de infraestrutura (FI-Infra) enfrentam um momento desafiador, com suas cotas apresentando uma queda significativa na bolsa. Com diversos fundos negociados na bolsa abaixo dos seus valores patrimoniais, os especialistas acreditam que há uma “boa janela de oportunidade” para o segmento. 

Com maior pressão vendedora desses ativos na bolsa de valores, é natural o investidor questionar se há algum problema com os FI-Infra. 

Mas Danilo Carvalho, analista CNPI e especialista em fundos listados, afirma que “não há nada errado com o segmento de infraestrutura.” De acordo com ele, essa desvalorização se deve muito mais aos fatores macroeconômicos.

Embora os FI-Infra sejam negociados em bolsa, eles são, na essência, ativos de renda fixa. Isso significa que a marcação a mercado impacta diretamente a cota patrimonial.

“A gente tem visto os títulos públicos, indexados à inflação, em patamares super elevados, os mais elevados que nós vimos desde o impeachment da Dilma em 2015,” comentou o analista.

Mas o investidor não tem muito com o que se preocupar, pois os fundos de infraestrutura, no geral, estão bem. Marianne Moraes acrescenta que o setor de infraestrutura permanece fundamentalmente sólido, mas está passando por uma reprecificação devido à dinâmica dos juros e às expectativas de inflação. 

Ela destaca que, tecnicamente, estamos observando uma abertura nos spreads de crédito, que afeta diretamente a marcação a mercado desses fundos. Este movimento é amplificado pela natureza de longo prazo dos ativos de infraestrutura, que têm maior sensibilidade (duration) às mudanças nas taxas de juros. 

Além disso, há uma questão comportamental envolvida. O público investidor de FI-Infra é muito focado na renda mensal, tendendo a ser mais sensível às oscilações do mercado. De alguma forma, isso pode intensificar a pressão vendedora e, consequentemente, reduzir ainda mais o preço das cotas, disse o analista CNPI.

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As cotas dos FI-Infra estão em queda, mas o foco deve ser na renda recorrente

E quem acha que a queda nos preços significa apenas problema, está enganado. A abertura da curva de juros também cria uma janela de oportunidade para os FI-Infra. “Os spreads mais amplos oferecem potencial de valorização quando a curva normalizar”, comenta Moraes. 

A taxa real desses papeis tende a se manter atrativa mesmo em cenários de juros mais altos, oferecendo proteção ao capital do investidor. 

A especialista também reforça o benefício fiscal desses fundos. Com a isenção de imposto de renda para pessoas físicas, o retorno líquido pode superar significativamente outras classes de ativos, especialmente em horizontes de investimento mais longos.

Em relação ao cenário atual dos spreads, Carvalho observou que estão em níveis elevados. Mesmo assim, ele não acredita que esses índices continuarão subindo com tamanha magnitude. 

Assim como a gestora do BIDB11, Carvalho ressalta que a situação atual apresenta uma oportunidade de investimento, visto que os FI-Infra estão consideravelmente atrativos. “Os próprios gestores estão observando que há um desconto exagerado no mercado e estão aproveitando para realizar as compras pontuais,” disse.

Por fim, neste contexto de queda das cotas, Moraes recomenda que o investidor examine o nível de diversificação empregado pelos fundos, priorizando aqueles com ativos de alta qualidade, que tendem a ser mais resilientes em cenários de estresse econômico.

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