“Somos uma família, não organização criminosa”, diz filho de Fahd Jamil

Interrogado durante uma hora nesta quarta-feira (12), o empresário Flávio Correia Jamil Georges, o “Flavinho”, 39, negou todas as denúncias de seu envolvimento com o crime organizado e com o grupo de extermínio investigado no âmbito da Operação Omertà, deflagrada em setembro de 2019 pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Filho do conhecido “Rei da Fronteira” Fahd Jamil, Flavinho teve a prisão decretada na terceira fase da operação, denominada “Armagedom”, em junho de 2020, e ficou foragido durante quatro anos e seis meses, até o mandado ser revogado, em dezembro do ano passado. “Não somos uma organização criminosa, somos uma família”, afirmou ele ao ser interrogado pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande. A audiência foi por videoconferência e contou com a participação de advogados dos outros réus e de promotores de Justiça (veja o vídeo acima). Denunciado por organização criminosa armada, corrupção ativa e tráfico de armas de fogo, Flávio George Jamil foi o último dos 18 réus a ser interrogado. O processo já está na fase de alegações finais. No final da audiência, o juiz deu prazo de cinco dias para as defesas apresentarem complementações. O conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Jerson Domingos também foi denunciado nessa ação, mas foi excluído do processo por ter direito a foro especial. Name – Durante o interrogatório, Flavinho negou conhecer a maioria dos outros investigados. Disse que não era próximo de Jamil Name (já morto) e de Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”. Segundo as investigações, Jamil e Jamilzinho comandavam a organização criminosa em Campo Grande com apoio do núcleo liderado por Fahd Jamil e Flavinho, baseado na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. O réu rechaçou todas as acusações de sua ligação com o crime e disse que sempre trabalhou com jogo do bicho e cassino no Paraguai, onde essas atividades são legalizadas. Dinheiro de apostas – “Particularmente nunca tive muito contato com eles [Os Name]. Fui ter contato de 2015 para cá”, afirmou. Questionado sobre a transferência de R$ 130 mil de Jamil Name para conta ligada a ele, alegou ser “dinheiro relativo a apostas e jogo no Paraguai”. Da mesma forma alegou serem “dinheiro de apostas” os valores que teriam sido repassados pela ex-vereadora Tereza Name, viúva de Jamil Name e irmã de Jerson Domingos. Flavinho também alegou não conhecer Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o “Betão”, e Orlando da Silva Fernandes, o “Bomba”. Apontados como autores do desaparecimento de Daniel Jamil Georges, irmão de Flávio, os dois foram executados (em 2016 e 2018, respectivamente). No depoimento, Flávio negou que o nome de Betão tenha surgido na casa dele como suspeito da morte de Daniel. “Ficamos esperando o inquérito da polícia”, disse. O corpo de Daniel nunca foi encontrado. O réu também negou que o policial civil Frederico Maldonado Arruda fosse o elo entre sua família e demais policiais de Mato Grosso do Sul, supostamente cooptados pela organização criminosa. Perguntado pelo juiz se conheceu Frederico através dos Name, alegou ter mantido contato no período em que o policial trabalhou em Ponta Porã. Sobre o suposto fornecimento de armas para a família Name, também alegou inocência. “Não tenho nada a ver com isso. Nunca vendi arma na minha vida, sempre trabalhei com jogo. Não tenho nada a ver com isso. Nunca fui preso. Essa é a primeira audiência que sou interrogado”. Outro ponto importante do depoimento foi quando Flavinho disse não conhecer o traficante Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã”, integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital). Alegou ter ficado sabendo “pela mídia” do envolvimento de Elton com o crime organizado e negou ter pedido o isolamento de “Galã” na prisão, para eliminar aliados dele na fronteira. “Eu não cometi esses crimes, só quero retomar minha vida. Andava tranquilo com minha família lá [fronteira]. Acredito que a polícia foi induzida ao erro, mas confio na Justiça”, afirmou Flavinho, que atualmente mantém residência na Capital. O MP denunciou 20 pessoas nesse processo. Dezoito seguem respondendo pelos crimes. Além de Jerson Domingos, excluído por ter foro especial, Thiago Machado Abdul Ahad – apontado como um dos pistoleiros de Fahd e Flavinho – morreu em confronto com policiais em Florianópolis (SC), em julho de 2021. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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