Idosos voltam às salas de aula para ter nova profissão

João Guerra Pinto foi aprovado no curso de Gemologia na Ufes

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Acervo pessoal

Aos 84 anos, o aposentado João Guerra Pinto realizou um sonho: conquistou uma vaga na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para o curso de Gemologia.Morador do Parque Moscoso, em Vitória, ele contou que depois de concluir o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no ano passado, não pensou duas vezes: prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovado. Ele começará a estudar no segundo semestre deste ano.Ele não é o único idoso que decidiu voltar para sala de aula. Somente na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) há 150 estudantes com vínculo ativo (2024-2).O curso de Gemologia lidera em número de universitários idosos, com 14 matriculados, seguido de Arquivologia (12) e Pedagogia licenciatura EAD (8).Outros 174 estudante idosos concluíram a graduação entre 2010-2024. O levantamento considerou os estudantes a partir de 60 anos.Atualmente, seis alunos com mais de 60 anos estão matriculados nos cursos de graduação da Faesa. Desses, quatro estudam Psicologia, um cursa Direito e outro, Jornalismo. O grupo é composto por três homens e três mulheres.A pedagoga Renata Gazzinelli, diretora de Inteligência Pedagógica do Bernoulli Sistema de Ensino, disse que nunca é tarde para realizar um sonho. “A gente vê cada vez mais as pessoas pensando na longevidade e elas têm que colocar isso mesmo como sonho, como oportunidade”.Ela salientou que sonho é diferente de ilusão. “Sonho é aquilo realizável, aquilo que eu sei que se eu colocar um caminho, colocar uma meta e foco eu vou realizar”.Renata Gazzinelli também enfatizou que o estudo é a base para a libertação, para se sentir uma pessoa melhor na vida, mais influente e não influenciável.“Mas para eu ser influente eu preciso conhecer, ter repertório e onde eu vou buscar isso? É no estudo, nas escolas, nos livros, em alguém que já passou por esse caminho”, finalizou.

Aposentado desde 1998 é aprovado em curso da UfesAposentado desde 1998, João Guerra Pinto, que é natural de Portugal, ainda manteve o comando do seu bar no centro de Vitória por muitos anos e só parou de trabalhar há dois anos, quando decidiu passá-lo para o neto.Sedento por conhecimento, ele disse que não queria parar e encontrou nos estudos uma forma de se manter ativo e ocupar a mente com os estudos.Para se preparar, a rotina era intensa e uma vez por semana ele tinha aula particular de redação.À reportagem, a professora de redação Eliana Senna Boff, de 74 anos, disse que ele era um aluno pontual e é nítida a vontade que ele tem de aprender sempre mais.A família fez uma festa para comemorar a aprovação, com direito a raspar a cabeça, pintar o corpo e vestir uma camisa da Ufes.A Tribuna – Como o senhor descreve o momento em que soube que foi aprovado no curso de Gemologia pela Ufes?João Guerra Pinto – A sensação foi de tranquilidade, pois eu estudei muito para chegar lá.Como era a sua rotina de estudos?Durante seis meses eu estudava uma média de oito horas por dia, de domingo a domingo. Terminei o EJA (Ensino de Jovens e Adultos) em abril do ano passado e fiz o Enem. Sempre foquei nas disciplinas do curso, fiz aula particular de redação e fiz 500 pontos na redação.Quais são os seus planos depois de formado?Pretendo continuar adquirindo conhecimento, continuar ativo, com a mente ocupada, pois estudar é o único jeito que temos de aprender as coisas.E claro que se eu ganhar um trocadinho, posso até trabalhar também (risos).

Família de João Guerra comemorou a aprovação, com direito a raspar a cabeça, pintar o corpo e vestir camisa da Ufes

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