Preço do ovo dispara e produtor coloca a culpa em calorão e na quaresma

As constantes ondas de calor, a alta no preço da ração e a aproximação do período da Quaresma elevaram o preço do ovo, que atingiu o nível mais alto dos últimos 22 meses, com um aumento de 69% em relação a janeiro. No Mato Grosso do Sul, consumidores buscam alternativas para compor suas refeições. No mês de fevereiro, para os revendedores brasileiros, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a R$ 227, representando um aumento de 69% em relação a janeiro, quando o valor era de R$ 134. Nas prateleiras dos mercados, os preços em Campo Grande variam. Na região do Tiradentes, é possível encontrar cartelas com 20 ovos custando entre R$ 21,25 e R$ 28. Anderson Gil, produtor de ovos, possui uma granja com 600 galinhas no bairro Nova Lima, em Campo Grande, e explicou ao Campo Grande News alguns dos motivos para a alta nos preços. “A ração aumentou. Já faz um tempo que vem subindo, mas, nos últimos 15 dias, o preço disparou. Além disso, subiram os custos com embalagem, entrega, e tudo isso impacta no valor final. Outro fator é a Quaresma, período em que muitas pessoas evitam carne e consomem mais ovos, o que sempre aumenta muito a procura. O calor também influencia, pois, se o ambiente não for climatizado, a produção das galinhas diminui”, explicou o produtor. E os restaurantes? – Quem precisa abastecer as cozinhas e restaurantes também está sendo prejudicado com a alta no preço dos ovos. Nas hamburguerias, o empresário tem duas opções: aumentar o preço final ou reduzir o lucro. Esse é o caso de Marcelo Gilbert Fico, dono da hamburgueria Beckers. Na lanchonete, que tem ovos em várias opções do cardápio, o consumo chega a cerca de sete cartelas com 20 ovos por semana. “No meu caso, como não posso ficar sem, estou diminuindo meu lucro. Mas, se o aumento exorbitante continuar, não terei outra alternativa a não ser subir os preços”, relata Marcelo. Outra solução tem sido a mudança no cardápio para reduzir as opções que incluem ovos. Maiara Silva de Oliveira, chefe de cozinha de um restaurante na região do Tiradentes, explica que precisou aderir a outras receitas por conta da alta nos preços. “No restaurante, o lucro acaba diminuindo, e a gente tem que se adaptar para continuar colocando comida na mesa. Estou tendo que mudar o cardápio e variar mais as alternativas. De uns três meses para cá, tivemos que começar a buscar outras opções”, relatou Maiara. Mesa do consumidor – Mas não são apenas os revendedores ou aqueles que compram em grande quantidade que estão sentindo no bolso. O consumidor final, que aprecia o famoso “ovinho frito” ou costumava usar o ovo como acompanhamento, também precisa buscar alternativas. Adelza Ramos, 62 anos, dona de casa, fazia compras em um mercado na região do bairro Tiradentes quando desabafou sobre o aumento dos preços. “O ovo é só um dos produtos que estão caros, né? A gente não tem escapatória: é o ovo, é o frango, é a carne… tudo caro. Tenho evitado comprar porque subiu muito. Há uns dois meses, eu pagava cerca de 10 reais, e hoje está 22. Mais que dobrou!”, lamentou Adelza. A alta também impactou a mesa da família de Elizabeth Xavier, psicóloga aposentada de 70 anos. Na casa dela, os ovos são substituídos por legumes. “Eu pagava 14 reais em 20 ovos, agora é quase 27. To tentando substituir, usando mais verduras e menos ovo. Antes eu comprava ovo toda semana, mas agora estou comprando de vez em quando e sempre em cartelas menores, né?”, finalizou a idosa. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Adicionar aos favoritos o Link permanente.