Indefinição deixa órgãos ligados ao Ministério de Ciência e Tecnologia sem diretores; entenda


Diretor do Inpe cumpriu aviso e entregou cargo nesta quinta-feira (20). Lista tríplice para o Cemaden aguarda decisão de ministra. Cemaden, em São José dos Campos
Divulgação/Cemaden
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), principais órgãos de monitoramento de desastres naturais, queimadas e pesquisas espaciais do país, estão sem um gestor titular.
O processo de sucessão no Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) se arrasta desde julho do ano passado, quando foi publicado o edital do processo de escolha para a direção.
Já o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio de Nardin, entregou o pedido de exoneração oficialmente nesta quarta-feira (19).
Engenheiro eletricista e doutor em Geofísica Espacial, Nardin assumiu o Inpe em outubro de 2020. Ele sucedeu o coronel da reserva da Aeronáutica Darcton Policarpo Damião, que ocupou a cadeira de forma interina, após a exoneração de Ricardo Galvão, em agosto de 2019.
Galvão foi exonerado depois de um embate público com o então presidente Jair Bolsonaro por causa da divulgação dos números de desmatamento – uma das atribuições do Inpe.
Em um evento em 2019, sem citar o nome de Galvão, Bolsonaro afirmou: “o chefe do Inpe. Antes de qualquer divulgação, (deve) procurar o seu ministro, no caso, o Marcos Pontes. E o Marcos Pontes, dada a gravidade do assunto, me procurar também e nós conversamos. Nós três. Não posso admitir irresponsabilidade na divulgação de certos números por parte de funcionários”.
Nardin cumpriu os quatro anos de mandato no ano passado. Nesta semana, em reunião em Brasília, pediu para deixar o cargo.
“Nós temos no estatuto do Inpe um período de quatro anos. E quando esse período se aproxima, o conselho técnico científico informa a ministra de que o tempo está se aproximando de quatro anos, que é o que se julga razoável para uma pessoa ficar à frente de uma direção por ciclo. Foi feito isso em maio do ano passado”, explicou Clézio.
“Estava demorando muito, começa a passar muito tempo dos quatro anos, os quatro anos se encerraram em outubro do ano passado, então isso começa a criar uma ansiedade, porque as pessoas gostariam que fosse seguido o rito, então eu pedi para a ministra nomear a comissão de busca e pedi a minha exoneração”, concluiu Clézio.
Com a saída de Clézio do cargo, o ministério informou que a direção interina do Inpe será exercida pelo tecnologista Antonio Miguel Vieira Monteiro, enquanto uma comissão de busca seleciona um novo diretor para o instituto. Não há prazo para definição do cargo.
Esse mesmo processo se arrasta desde o ano passado para escolha do chefe de outro órgão vinculado ao Ministério da Tecnologia, Ciência e Inovação: o Cemaden.
O diretor Osvaldo Luiz Leal de Moraes deixou o cargo em abril de 2023, para assumir o Departamento para o Clima e Sustentabilidade, vinculado ao próprio MCTI. Um ano e três meses depois, em julho de 2024, uma comissão foi aberta, quatro candidaturas homologadas em setembro, e uma lista tríplice enviada para a ministra Luciana Santos.
Desde a saída de Osvaldo, Regina Célia dos Santos Alvalá responde pelo cargo. Ela é uma das pessoas que se candidataram para assumir a direção do Centro.
Na última segunda-feira (17), durante um evento no próprio Cemaden em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a ministra Luciana Santos falou sobre a escolha do novo diretor do Centro.
“Nós estamos na fase final, não demorará, vamos o mais breve possível concluir o processo do comitê de busca no Cemaden”, disse a ministra.
Em janeiro, o blog de Valdo Cruz, do g1, publicou que o presidente Lula (PT) deve deslocar a atual ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), para o Ministério das Mulheres.
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