Indígenas tentam ampliar “área de retomada” e são repelidos com rojões

Indígenas e produtores rurais entraram em confronto em outro ponto de disputa pela terra em Mato Grosso do Sul. Desta vez o conflito ocorre na Fazenda São José, no município de Dourados, onde existe o acampamento Pakurity, na margem da BR-463, saída para Ponta Porã. A ONG indígena Aty Guasu denunciou suposto ataque contra a comunidade neste domingo (23). Vídeos gravados pelos indígenas mostram disparos de rojões na direção do acampamento, correria e gritos (veja as imagens acima). Representante dos proprietários afirma que os indígenas também disparam rojões e fazem ameaças. “Estamos apenas defendendo nossa propriedade”, afirmou um dos herdeiros do espólio do pioneiro Atílio Torraca Filho, primeiro dono das terras. Ele pediu para não ter seu nome divulgado. Para tentar impedir novas invasões, proprietários, apoiados por amigos e por donos de outras fazendas da região, montaram acampamento a cerca de 150 metros da área ocupada pelos indígenas. Tática semelhante foi usada no município de Douradina no ano passado, tendo como desfecho confrontos violentos com feridos dos dois lados. “A retomada Pakurity foi palco de mais um ataque contra a comunidade Kaiowá. O conflito aconteceu em meio à disputa territorial com grupos ligados a interesses econômicos locais tentando expulsar os indígenas de suas terras ancestrais. Durante o ataque, ocorreram enfrentamentos violentos. Os povos indígenas continuam a enfrentar a resistência de setores que tentam impedir a demarcação e o reconhecimento de seus direitos territoriais”, afirmou a Aty Guasu. Equipes da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública estiveram no local e não há registro de feridos. O Campo Grande News apurou que o acampamento Pakurity existe há pelo menos 15 anos. Segundo o representante dos proprietários, indígenas que estavam acampados na margem da rodovia ocuparam a fazenda. A 1ª instância da Justiça Federal concedeu reintegração de posse, os donos pediram interdito proibitório, mas ação empacou na 2ª instância. Foi firmado acordo para que os indígenas permanecessem em 22 hectares da fazenda. Na semana passada, ainda segundo o proprietário, eles começaram a ampliar o acampamento, montado barracos na área de plantio de milho. Os donos foram ao local, mas não houve acordo. Os dois lados denunciam ameaças mútuas. “Não queremos confronto com eles, abrimos uma valeta para drenagem entre a área ocupada por eles e nossa lavoura justamente para evitar confronto. Pedimos a presença dos governantes para defender nossos direitos e evitar um conflito grave. Precisamos de proteção”, afirmou o proprietário. Segundo ele, existem manifestações da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) afirmando que essas terras não são objeto de estudo para demarcação como terra indígena. Sem internet – A disputa pela terra deixou quase meio milhão de pessoas sem internet na semana passada. Um cabo de fibra ótica, exposto durante a escavação da valeta, foi rompido. Os proprietários da área negam que tenham cortado o cabo e apresentaram vídeo para a PM mostrando o cabo intacto. Equipes policiais tiveram de ser mobilizadas para garantir o conserto do cabo e restabelecimento da transmissão de dados. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Adicionar aos favoritos o Link permanente.