Médicos afirmam: “Consulta não é só para detectar doença”

A assistente de consultório Rebeca Araújo, de 32 anos, é mãe do pequeno Ricardo, de 1 ano e 8 meses.

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Acervo pessoal

Nos últimos anos, o foco da medicina tem mudado. Se antes a base era tratar, hoje a prevenção tem sido mais falada, tanto que a medicina preventiva tem sido aliada do envelhecimento saudável.Portanto, se você só busca um médico quando algum sintoma aparece, especialistas recomendam mudanças.“A medicina preventiva é um dos pilares para uma vida mais longa e saudável. As consultas não servem apenas para detectar doenças, mas também para orientar o paciente sobre hábitos que podem ser ajustados para melhorar sua qualidade de vida”, aponta a médica de família e comunidade Taynah Repsold, doutoranda em Doenças Infecciosas pela Ufes.“Além dos exames de rastreio indicados para cada fase da vida, é nesse momento que discutimos alimentação, atividade física e outras mudanças no estilo de vida, personalizando os cuidados para cada paciente”, ressalta Taynah.As consultas de rotina, de acordo com a ginecologista e obstetra Georgia Brito, permitem detectar problemas de saúde precocemente, antes que se tornem doenças graves. “A prevenção é sempre o melhor caminho para manter a saúde em dia e evitar complicações no futuro”.No caso da saúde do coração, por exemplo, Rafael Altoé, cardiologista, explica que por meio de exames regulares e do acompanhamento contínuo, é possível monitorar a pressão arterial, o colesterol, glicemia (concentração de açúcar no sangue), o peso e outros indicadores que impactam diretamente o coração.ExamesSobre os pacientes que acreditam que apenas com exames de imagem a consulta é bem feita, os médicos explicam que eles são complementares à consulta.“Eles só são realmente úteis quando há uma indicação clara. Muitas vezes a anamnese (conversa detalhada) e o exame físico já são suficientes para o diagnóstico do paciente. O papel do médico é avaliar cada caso individualmente e solicitar os exames de acordo com a real necessidade, sempre com base na medicina baseada em evidências”, esclarece a médica Taynah Repsold.Ela lembra ainda que exames não indicados podem expor o paciente a riscos desnecessários.Duração não é estabelecidaSerá que existe um tempo mínimo para que uma consulta médica seja realizada? De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), Fernando Tonelli, não existe uma duração pré-determinada para uma consulta.“Ela varia de acordo com a necessidade de avaliação do médico e de entendimento do paciente”.Segundo o presidente, cabe ao profissional médico ouvir com atenção as queixas do paciente e fazer as perguntas que podem ajudar a formular um diagnóstico ou uma hipótese diagnóstica. “Se precisar para complementar a análise, peça os exames que julgar necessários para tentar esclarecer o caso”.A vice-presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), Letícia Mameri, ressalta que um dos grandes desafios que os médicos enfrentam é equilibrar a qualidade do atendimento com o tempo limitado das consultas, especialmente em sistemas de saúde sobrecarregados.“Como médicos, queremos oferecer o melhor atendimento possível, mas lidamos com limitações de tempo e estrutura. Uma consulta bem aproveitada envolve um paciente ativo e bem preparado. Trazer anotações sobre sintomas, exames anteriores e histórico médico pode otimizar o tempo e tornar o atendimento mais eficaz”, aconselha.O cardiologista Rafael Altoé orienta para uma consulta anotar os principais sintomas, a frequência com que ocorrem e em quais situações aparecem. “Isso facilita a avaliação”.

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