Criaturas microscópicas são descongeladas após 24 mil anos

Congelados há pelo menos 24.000 anos, desde a última Era Glacial.The Daily Galaxy

Cientistas reanimaram antigas criaturas microscópicas do gelo eterno da Sibéria que estavam congeladas por 24.000 anos, segundo o Daily Galaxy. Esse feito revela a impressionante capacidade de sobrevivência desses organismos, podendo transformar a criobiologia.

Essas criaturas antigas, chamadas rotíferos bdeloides, entraram em um estado de criptobiose, interrompendo totalmente suas funções biológicas até que o ambiente fosse favorável para sua retomada.

Após serem descongelados, os rotíferos não só retomaram suas funções normais, como também começaram a se reproduzir assexuadamente, como se os milênios de inatividade nunca tivessem ocorrido.

Proteção celular e sobrevivência extrema

De acordo com o site, os rotíferos bdeloides pertencem a um grupo de animais microscópicos conhecidos por suas impressionantes capacidades de sobrevivência em condições extremas, como resistência à radiação, desidratação e até mesmo ao vácuo do espaço. A explicação para sua habilidade de sobreviver ao congelamento está no processo de criptobiose, que interrompe completamente a atividade biológica.

O que os distingue da maioria dos organismos é sua capacidade de produzir proteínas especiais, chamadas proteínas chaperonas, que protegem suas células contra danos e destruição.

No estudo, os cientistas coletaram amostras de permafrost congelado a aproximadamente 3,6 metros abaixo da superfície na Sibéria. Através da datação por carbono, foi possível confirmar que o solo — e os organismos nele presentes — estavam congelados há pelo menos 24.000 anos, desde a última Era Glacial.

Após descongelar os rotíferos com cuidado em um ambiente controlado, os cientistas ficaram surpresos ao vê-los retornar à vida e começar a se reproduzir logo em seguida.

Em 2016, uma carcaça de rena de 90 anos, descongelada do permafrost, liberou esporos de antraz, desencadeando um surto fatal na Sibéria. Esse incidente levantou preocupações entre os cientistas, que acreditam que patógenos ainda mais antigos e potencialmente perigosos podem estar preservados e viáveis no gelo, aprisionados há dezenas de milhares de anos.

Novas possibilidades para a ciência

Embora a pesquisa sobre criptobiose e os mecanismos de sobrevivência em ambientes congelados ainda esteja em fases iniciais, os cientistas estão entusiasmados com o potencial futuro dessas descobertas. Se organismos microscópicos, como os rotíferos bdeloides, são capazes de sobreviver congelados por 24.000 anos, diversas questões surgem. Uma delas é a possibilidade de os humanos serem colocados em um estado suspenso seguro para viagens espaciais de longo prazo, ou até mesmo se seria viável congelar plantas e medicamentos para serem revividos muito tempo depois.

Atualmente, os pesquisadores estão focados em entender o verdadeiro potencial dessas criaturas extremófilas e outros organismos que conseguem viver em condições extremas. A cada nova descoberta, eles se aproximam mais de entender como a vida pode resistir aos ambientes mais inóspitos, não apenas na Terra, mas também em outros lugares do universo.

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