Construção de um sambódromo volta a ser discutido em Corumbá

O carnaval corumbaense evoluiu nos últimos anos em direção a profissionalização dentro das escolas de samba, a partir de mais investimentos e capacitação na gestão e parte técnica, porém a festa não avança ao nível de sua grandeza porque há limitação nos espaços físicos destinados ao público e os desfiles e falta de estrutura (barracões) para as agremiações. Os imprevistos que ocorreram no domingo passado, com o cancelamento do desfile devido ao mau tempo, reacenderam uma antiga discussão na cidade: a necessidade urgente, urgentíssima, da construção de uma arena moderna e compatível com esse carnaval que encanta a todos. Vem à tona o sonho de um sambódromo, agregando as escolas e avançando com tecnologia. Hoje, a maioria das dez escolas não tem um local adequado para trabalhar, ocasionando perda de alegorias quando chove, como ocorreu com quatro agremiações no domingo. O desfile também é problemático com o estreitamento da pista pelas arquibancadas, o paralelepípedo da Rua Frei Mariano e os obstáculos naturais (palmeiras) na Avenida General Rondon. O carnaval é investimento A construção de um espaço digno para as escolas e o público entrou na pauta de prioridades do prefeito Gabriel de Oliveira e do deputado estadual corumbaense Paulo Duarte, o qual pretende articular a busca dos recursos públicos e privados. “Carnaval é investimento, está comprovado. Sambódromo é prioridade? Vamos então correr atrás para viabilizá-lo”, disse Gabriel. O prefeito propõe uma ampla discussão, envolvendo a população e os carnavalescos. Sua gestão prioriza a saúde, que recebeu em condições precárias, e a educação, contudo enxerga o carnaval e outras eventos populares da cidade, como o São João, geradores de renda e emprego e atração de turistas. “O apoio financeiro é investimento, tem retorno para a cidade”, sustenta. Para o carnavalesco Zezinho Martins, ex-presidente da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá), o primeiro passo é dar “um CEP (endereço) para as agremiações”. E questiona: como exigir profissionalismo numa cidade pequena (100 mil habitantes), onde as escolas não têm suporte para gerar renda para se manterem e construir seus barracões? “São somos mais amadores” “Com seu próprio espaço, as escolas vão trabalhar melhor sua apresentação na avenida, tem como reciclar o material usado no desfile, geralmente jogado no lixo. Hoje tem muita cobrança, mas nosso carnaval precisa de fomento para manter a tradição, e não será apenas com a participação ativa de um terço da população”, cobra Martinez. Há pelo menos 20 anos se fala em um sambódromo para consagrar esse carnaval, desde o crescimento extraordinário que ocorreu a partir de 2004, quando a escola Império do Morro voltou a desfilar e quebrou a hegemonia da campeoníssima Vila Mamona, acirrando e equilibrando a disputa. “Com um local, um endereço para as escolas, vamos crescer mais”, pondera. Enfático na sua avaliação, Antero Sena, com mais de 50 anos dedicados à Vila Mamona e à folia, afirma que o carnaval evoluiu, mas está defasado justamente por falta de estrutura. “Não somos mais amadores, falta um elo mais forte, mais apoio governamental e dos empresários. Hoje desfilamos num corredor apertado, as alegorias são limitadas”, cobra ele, 79 anos. Quais os próximos passos? A proposta de um sambódromo com barracões integrados e uma gestão público-privada tem o apoio também do presidente da  Liesco , Victor  Raphael . “É um sonho, uma necessidade, é preciso uma junção de esforços. Mas, precisamos discutir qual o futuro que queremos, os próximos passos. Como crescer? A avenida é limitada, mas tem dado certo”, pontua. Envolvido na folia pantaneiro, desfilando em várias escolas de samba, o deputado Paulo Duarte disse que o tema levantado merece atenção especial e reflexão. “Temos que buscar alternativas com união para manter a grandiosidade do nosso carnaval, que extrapola os limites do Estado”, cita. Ele também defesa uma discussão com todos os carnavalescos. O projeto de uma estrutura condizente com o carnaval tem o apoio da Câmara de Vereadores, cujo presidente, Ubiratan  Canhete  (Bira), lamenta que uma chuva de 20 minutos, como a que caiu na cidade no domingo, prejudica a festa, com o cancelamento do desfile. “Somos a favor de um sambódromo  multiuso  para ser viabilidade não só durante o carnaval”, sugere.  
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