Desaparecimentos e morte em “paraíso” no México acendem alerta

Vista aérea da Baía de Santa Cruz, em Huatulco, município de Oaxaca (México) Reprodução/Mônica Gonzalez Islas via El País

A recente onda de desaparecimentos em Oaxaca, estado no sudoeste do México, tem gerado preocupação entre autoridades, moradores e visitantes. Desde janeiro, 17 pessoas já foram consideradas desaparecidas na região, com destaque para os nove jovens que sumiram em fevereiro e foram encontrados mortos no último dia 2, em um carro abandonado a 400 km de distância. Em um ano, o número de desaparecidos nas praias turísticas chega a 23.

Há uma semana, Jacqueline Meza, jovem de 23 anos, foi sequestrada enquanto jantava em um restaurante à beira da praia, de acordo com o jornal El País. O incidente se soma a uma série de desaparecimentos na região; sete homens desapareceram em janeiro e, até o momento, não foram encontrados. 

As autoridades estão investigando a possível participação da polícia nos crimes que abalaram a imagem de paz da costa de Oaxaca, um destino turístico popular.

Entre os desaparecidos, estavam Lesly Noya, de 21 anos, e Raúl González, de 28, todos vistos pela última vez em Zipolite, uma pequena vila de apenas mil habitantes. As famílias clamam por ajuda e denunciam a falta de ação das autoridades. Segundo relatos obtidos pelo El País, duas jovens — Brenda Salas, 19, e Angie Pérez, 29 — foram supostamente levadas e agredidas por agentes da polícia municipal.

Zona turística

Turistas em um bar em Mazunte, Oaxaca Reprodução/Mônica Gonzalez Islas via El País

O turismo, vital para a economia local, enfrenta um dilema. Em 2024, a receita gerada por visitantes superou 12,7 milhões de pesos (cerca de R$ 3,7 bilhões), mas a segurança é uma preocupação crescente, explica o jornal argentino. O governador de Oaxaca, Salomón Jara, tentou minimizar a situação, afirmando que Huatulco (município do estado) é um destino seguro, mesmo com a escalada da violência. 

O turismo é essencial e uma fonte de renda neste estado mexicano considerado pobre, onde 60% da população vive na pobreza — 20%, quase 600 mil pessoas, em extrema pobreza, segundo o El País. Somente em Huatulco e Puerto Escondido, os dois centros desse trecho da costa, 50 mil empregos dependem do turismo.

Rota do tráfico

A região, que é historicamente tranquila, enfrenta agora uma onda de massacres e desaparecimentos, levantando preocupações sobre a impunidade e a crescente força do crime organizado. A costa de Oaxaca, uma rota estratégica para o tráfico de drogas, tem sido marcada pela constante presença do narcotráfico. 

A falta de denúncias, resultado do medo de represálias, tem facilitado a consolidação do crime na área. O assassinato de um ativista ambiental e de um empresário local, ambos aparentemente ligados aos recentes desaparecimentos, evidencia a gravidade do cenário, aponta o El País. 

Com investigações paralisadas e uma narrativa oficial que busca desviar o foco, a insegurança continua a dominar a região.

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