Pastora morre após implorar por atendimento em unidade de saúde na BA

Uma pastora morreu após solicitar ajuda no 16º Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, localizado no bairro do Pau Miúdo, em Salvador, na noite de terça-feira (11). Adnailda Souza Santos, de 42 anos, tinha asma e enfrentava dificuldades para respirar.


				
					Pastora morre após implorar por atendimento em unidade de saúde na BA

Pastora Dina morreu após passar horas à espera de atendimento médico na UPA do Pau Miúdo, em Salvador.

Foto: Reprodução / Redes sociais

O marido da pastora, Sidnei Monteiro, mostrou o sofrimento da mulher em um vídeo. Ele acompanhou a esposa e tentou chamar atenção dos profissionais de saúde. “Eu preciso de oxigênio. (…) Doutor, libera oxigênio aqui”, clamava a pastora Dina, como era mais conhecida, gemendo de dor.

As imagens mostram que Sidnei tentou contatar uma assistente social e o médico de plantão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Havia também dois policiais militares presentes no local.

A família relatou que a pastora desmaiou por volta das 20h, aproximadamente três horas após ser admitida na unidade de saúde. Somente então, Dina teria recebido o atendimento.

Entenda a sucessão de fatos descrita pela família:

  1. Por volta das 12h, Dina buscou atendimento na UPA com sintomas como falta de ar.
  2. Inicialmente, ela foi medicada, liberada em torno das 16h e recebeu uma prescrição para a compra de medicamentos.
  3. Às 17h, quando seguia para casa, a mulher voltou a passar, com muita dificuldade para respirar.
  4. A família, então, retornou para a UPA de Pau Miúdo, onde Dina passou horas à espera de oxigênio.

Conforme relato do marido de Dina, ela recebeu uma pulseira amarela. Essa classificação indica atendimento urgente, porém que pode esperar. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que a pulseira entregue foi a laranja, que demanda atendimento ainda mais breve dada a gravidade do caso.

Como não foi possível salvar Dina, o óbito foi constatado. A família agora aguarda a liberação do corpo para realizar o sepultamento da mulher.

De acordo com Sidney, marido da pastora, a direção da UPA ainda não liberou o corpo porque ele se recusou a assinar um documento. Trata-se de uma espécie de relatório sobre a situação. “Está tudo errado no papel [sobre] o atendimento que ela teve. O atendimento que ela teve está no vídeo”, destacou o homem.

Em nota enviada anteriormente ao g1, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lamentou o óbito e disse que a paciente foi “prontamente encaminhada para atendimento prioritário conforme classificação de risco laranja” quando chegou à UPA.

“Durante consulta médica, houve piora do quadro de dor e a paciente foi prontamente encaminhada para a sala de assistência a pacientes críticos e iniciadas, de imediato, medidas de suporte à vida. Apesar de todas as manobras clínicas instituídas, a mesma evoluiu para óbito. Os familiares foram acolhidos pela equipe multiprofissional da unidade”, disse a pasta vinculada à Prefeitura de Salvador.

A família contestou essas informações e, diante da repercussão do vídeo, que expõe a falta de atendimento, a SMS emitiu uma nova nota, informando que vai investigar o caso. “(…) Diante das diferentes informações fornecidas pelos familiares e pela gestão da unidade, determinou a abertura imediata de processo administrativo cobrando apuração rigorosa do caso junto à Diretoria de Atenção Especializada da SMS”, ressaltou

Adnailda deixou duas filhas, uma jovem de 22 anos e uma criança de 7 anos. Ainda não há informações sobre o velório da pastora.

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