No caminho para o Troféu Brasil Maria Lenk 2025, a SWIM CHANNEL foi buscar na história da principal competição da natação brasileira alguns registros que marcaram época e deixaram grandes memórias em nosso esporte. A “prova do século” dos 100m peito masculino e a acirrada briga pelas duas vagas para os Jogos Olímpicos de Beijing merecem um espaço destacado.
O contexto histórico indica que o Brasil teve problemas com a prova dos 100m peito no final dos anos 90. Foi com a chegada de Eduardo Fischer que o peito masculino do Brasil se recuperou. Uma ascensão rápida sob os cuidados do treinador Ricardo Gebauer Carvalho, Fischer foi olímpico em Sydney 2000 e Atenas 2004, além de medalhar nos Jogos Pan Americanos de 2003 e um bronze nos 50m peito no Mundial de Curta de 2002.

O nado peito ganhava protagonismo no país e um excelente trabalho prosperava no Pinheiros onde Arilson Soares da Silva tinha alguns dos maiores destaques, tanto no feminino como no masculino. Henrique Barbosa estava nos Estados Unidos, havia sido campeão do NCAA e também estava neste timaço de peito do Pinheiros.
A elite do peito masculino ainda tinha Felipe Ferreira Lima, este mesmo representando a Unisanta, treinava com Jefferson Neves em Cuiabá e estava na acirrada briga pelas duas vagas.
Na época, os campeonatos nacionais ainda eram disputados com as eliminatórias na etapa da tarde e as finais na manhã seguinte e, pelos critérios da CBDA, os índices olímpicos poderiam ser feitos tanto nas eliminatórias como na final. O que valia era o melhor tempo.

1:01.57 era o tempo estabelecido pela FINA e no radar para os atletas naquele dia 9 de Maio de 2008. No ano anterior, apenas Henrique Barbosa havia feito abaixo da marca, mas todos chegaram próximos.
E as eliminatórias foram carregadas de emoção. Uma atrás da outra. Eram quatro séries, e com exceção da primeira série onde ninguém chegou perto, a partir da segunda era uma comemoração e um espanto atrás do outro. A segunda série foi vencida por Eduardo Fischer, atleta do Pinheiros e índice olímpico 1:01.49, oito centésimos abaixo do índice.
Aplausos e comemoração vieram na série seguinte, Felipe Lima, atleta da Unisanta, vence a série e marca 1:01.21, índice olímpico, e mais que isso, novo recorde sul-americano quebrando os 1:01.44 feitos por Henrique Barbosa no Sul-Americano dois meses antes.

Vamos para a quarta e última série, dois atletas com índices, mas a dupla Henrique Barbosa e Felipe França pronta para pular na água. E não deu outra, mais dois índices e novo recorde sul-americano. Henrique vence 1:00.79, o primeiro do continente abaixo do 1:01 com Felipe França em segundo 1:01.17.
Fim de eliminatórias, quatro atletas abaixo do índice olímpico e a expectativa para a final do dia seguinte. O tempo amanheceu nublado, um pouco de chuva, e até ventando. Na hora da prova até melhorou o tempo, mas as marcas pioraram.

As mesmas posições, Henrique Barbosa venceu 1:00.79, Felipe França 1:01.17 em segundo, Felipe Lima o terceiro 1:01.61 e Eduardo Fischer em quarto 1:02.05. Barbosa e França emocionados comemoravam muito na borda da piscina, França até chegou a se ajoelhar em orações. Ambos estavam classificados para aquela que seria a primeira Olimpíada de suas carreiras.
E os 100m peito, quem diria, aquela prova problema dos anos 90, agora tinha quatro nadadores com índice olímpico e que nos deram a “prova do século” para a história da natação brasileira.
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