Agentes se infiltram em jogos e grupos virtuais para combater violência

Após casos de ataques em escolas paulistas em 2023, a Secretaria de Segurança Pública estadual decidiu observar mais de perto os grupos on-line que incentivam e propagam crimes.

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© Joédson Alves/Agência Brasil

Automutilação, ameaças, xingamentos e estupro virtual. Essa é a lista dos principais problemas que um grupo de “observadores digitais” criado pela Polícia Civil de São Paulo tem encontrado em comunidades voltadas para crianças e adolescentes em aplicativos de mensagem.Para combater o aumento dessa violência on-line contra menores de 18 anos, os investigadores passaram a se infiltrar em grupos de Discord, Roblox e Telegram, entre outros apps, para acompanhar a conversa e detectar quando um possível crime acontece. Procuradas, as empresas dizem ter medidas para combater esse tipo de comportamento em suas plataformas.Após casos de ataques em escolas paulistas em 2023, a Secretaria de Segurança Pública estadual decidiu observar mais de perto os grupos on-line que incentivam e propagam crimes. Isso levou à criação, em novembro do ano passado, do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad). Os policiais civis infiltrados em comunidades de aplicativos fazem parte deste grupo.“O ataque à escola hoje é o menor dos nossos problemas”, diz Lisandréa Salvariego, delegada e coordenadora do núcleo. “Não é algo mais atrativo (ataque a escolas), demanda trabalho, os grupos precisam de uma pessoa com certo perfil que não dê errado e eles conseguem os mesmos views nas redes sociais de formas mais baratas.”Mas isso não significa que a violência entre jovens diminuiu, alerta ela. A delegada explica que o que aconteceu foi uma mudança do tipo de ações contra crianças e adolescentes na internet, e que agora o maior problema são crimes sexuais.Salvariego considera, inclusive, que essa violência on-line só tem crescido.Os casos ocorrem, em geral, durante a madrugada. Por isso, os policiais infiltrados nos grupos precisam estar on-line nesse período, para acompanhar em tempo real o que acontece.Quando desconfiam de alguma coisa, tentam entrar em contato com os pais das vítimas e avisar o que está acontecendo. Entre os conteúdos coletados, estão estupros virtuais, em que jovens de 7 a 17 anos são submetidas a rituais de humilhação em salas de bate-papo.

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