No início, campanhas de vacinação vão bem, mas procura cai com o tempo

Vai bem até agora a vacinação contra a gripe na Unidade Básica de Saúde 26 de Agosto, no Bairro São Francisco, em Campo Grande. Cerca de 2 mil pessoas foram imunizadas nos cinco dias que se passaram desde a chegada das vacinas. Para a gerente do posto de saúde, Brenda Oliveira, a procura é boa porque há bastante divulgação neste momento e o boca a boca também ajuda. “Quanto mais divulgação, mais pessoas têm conhecimento. Daí, por exemplo, quem vem chama o vizinho, o amigo… Sempre vem muita gente que acaba ajudando nessa rede de distribuição”, fala. Só no começo – Coisa parecida aconteceu no ano passado: o movimento foi bom no início da campanha de vacinação, que coincide com a época de surtos de doenças respiratórias. Mas a procura foi caindo. Assim, vacinas reservadas a grupos de risco sobraram e foram liberadas para toda a população mais rápido do que o esperado. A meta do ano não foi atingida no fim das contas. O resultado são internações e mortes que poderiam ser evitadas com uma só agulhada. Mesmo sendo de graça, a vacina passa longe de algumas pessoas por falta de tempo, esquecimento e persistentes negacionismos sobre a segurança e eficácia das vacinas. Nesta terça-feira, 1º de abril, quem não cai em mentiras sobre ela deu o braço sem medo. “Tem só que aceitar que a vacina é realmente confiável”, disse o aposentado Nelson Domingues, 82, antes de se prevenir. Ele conta não ter pegado sequer uma gripe leve desde que começou a se imunizar. Os idosos são a maioria dos vacinados até agora, segundo a gerente da unidade 26 de Agosto. Ela tem sentido falta das crianças menores de 6 anos, que é outro grupo prioritário. A bebê Lívia tem quatro meses e foi levada nesta manhã ao posto de saúde pelos pais Alexandre Lopes e Stephanie Bittar, mas não para se vacinar. Ela ainda não tem idade para receber a dose. O casal promete deixar o caderno de vacinação da filha em dia quando for a hora. “Mais importante ainda cuidar dos pequenos”, disseram. Números bons, outros nem tanto – Gerente de imunização da Secretaria Estadual de Saúde, o enfermeiro Frederico de Morais avalia que os sul-mato-grossenses estão aderindo às vacinas de rotina. Porém, a dificuldade é com as vacinas novas, como a contra a dengue, e as de campanha, a exemplo da própria influenza.  “A vacina da dengue tem a especificidade de não poder aplicar fora da unidade de saúde e ainda ser escassa no mundo, isso acaba dificultando um pouco”, acredita o gerente. Essa é uma orientação do Ministério da Saúde para evitar possíveis reações. Resultado da baixa cobertura, as sobras têm sido oferecidas a crianças e adultos com idades fora das indicadas pela pasta. A que protege contra a covid-19 é outra no mesmo barco, embora possa ser aplicada durante plantões em locais como shoppings e supermercados. O número de vacinados ficou baixíssimo no ano passado, com apenas 2,94% do público-alvo imunizado no Estado. A principal estratégia para melhorar os números tem sido levar a vacinação para mais perto das pessoas, de acordo com Frederico.  Ele conta que está prevista para os próximos meses uma agenda de imunização nas escolas de Mato Grosso do Sul, principalmente para melhorar os índices de adolescentes vacinados contra o HPV. Além disso, amanhã começa a aplicação de vacina contra a gripe no drive thru montado no quartel central do Corpo de Bombeiros na Capital. Tivemos uma queda nos índices de vacinação entre 2020 e 2021, na época da pandemia, mas vem melhorando gradualmente desde 2022″, acrescenta o gerente. Falta informação e divulgação – A médica infectologista Silvia Naomi, frisa que a população não é a única culpada pelos baixos índices de vacinação.  Ela lembra que é dever das prefeituras e governos espalhar informação em todos os canais e de todas as formas possíveis, além de divulgar a importância das vacinas em campanhas publicitárias.  Na opinião da médica, isso não está sendo feito satisfatoriamente.  As pessoas precisam ser adequadamente informadas por quem tem que informar. Tem que haver uma campanha permanente, não pode ser uma campanha pontual que não informa de tempos em tempos todos os detalhes sobre as vacinas. Esses detalhes hoje não são suficientemente informados às pessoas em peças de rádio, de TV e em outros meios de divulgação”, fala. Avisos simples como o horário de funcionamento das unidades de saúde ou sobre quais são as que funcionam até mais tarde, também estão faltando.  A falta de informação de linguagem simples e clara acaba ajudando as mentiras a ganharem mais e mais espaço, ela alerta. “O poder público tem que prestar informação confiável para barrar a rede de desinformação de grande alcance se aproximar das pessoas. É preciso formar uma rede de informação segura que use a linguagem mais acessível, assim como a desinformação faz”, conclui. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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