Festival América do Sul resgata sentimentos do corumbaense com o icônico porto

O retorno do Festival América do Sul para o porto geral de Corumbá, referendado pela comunidade cultural local em audiência publicada realizada no dia 28 de março, é emblemático por vários aspectos relevantes. Simboliza integração, memória, pertencimento, valorização do espaço, celebração do Rio Paraguai e do Pantanal e o legado a ser deixado com a recuperação da orla e alguns bens, como o Centro de Convenções do Pantanal. A concentração das múltiplas atividades do festival num lugar mágico, do ponto de vista histórico e natureza pulsante, é um resgate e um novo olhar para as origens da cidade, na opinião da presidente do Conselho Municipal de Cultura, Márcia Rolon. “Corumbá começou no rio, sua fundada veio dessas águas. Todo o movimento está no porto, o casario, essa mistura de integração platina e influências arquitetônicas que aportaram nessas barrancas”, afirma. Apoiando integralmente a proposta da secretária estadual de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e da prefeitura de transformar o porto geral no epicentro das manifestações artísticas latinas, Márcia Rolon se remete ao tempo em que a beira do rio foi um dos maiores centros comerciais do continente, moldando também a identidade cultural da cidade. “Os navios traziam pianos de cauda, grandes companhias de teatro, artistas internacionais”, lembra. A cidade no po rto – Para a agente cultural, também diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-americano, que está localizado no porto, a próxima edição do festival (15 a18 de maio) será brilhante por valorizar a história da cidade e despertar maior atenção para alguns equipamentos, como o Museu de História do Pantanal (Muhpan), hoje fechado, e o Memorial do Homem Pantaneiro. “Esse movimento de vir para a parte baixa (porto) será transformador para Corumbá”, aposta. Além da singularidade do lugar e a visão maravilhosa que se tem do casario e da parte alta da cidade, olhando do rio (“lembra Veneza”, diz o empresário da cadeia do turismo Luiz Martins), a reocupação da orla resgata o senso de pertencimento que a cidade perdeu. O abandono do porto nos últimos anos, culminando com o fechamento do Muhpan e outros empreendimentos culturais e gastronômicos, afastou o corumbaense do espaço visitado apenas pelos turistas. “Entre suas inúmeras funções socioculturais, o festival proporcionará novos usos e funções a um espaço tombado”, aponta Wanessa Rodrigues, diretora-presidente da Fundação Municipal de Cultura do Pantanal. “Isso não só potencializa nosso conjunto histórico, o Casario do Porto, como também abre um leque de possibilidades para usos dessa região da cidade, que, por mais antiga que seja, há cidadãos corumbaenses que nunca sequer pisaram nesse local.” Cenário único – Um dos desafios do festival, segundo Wanessa, é tornar esse patrimônio acessível às pessoas das regiões mais distantes, privadas de acessar bens, espaços e equipamentos culturais. “A proposta de levar o festival para o local em que a cidade nasceu, tendo como testemunho material da sua história o casario, unindo arte, cultura contemporânea e múltiplas linguagens, é um convite ao público local e visitantes contemplarem um cenário único”, acrescenta. O prefeito Gabriel de Oliveira aplaudiu a proposta de retornar o festival ao seu local de origem, salientando que os investimentos do Governo do Estado e do município também serão primordiais para garantir o sucesso do evento e intervenções estruturais em toda a orla, trazendo benefícios para a cidade. O sistema de refrigeração do Centro de Convenções do Pantanal, por exemplo, está sendo restaurado com recursos da Setesc. O Governo do Estado, com contrapartida do município, está investindo R$ 6 milhões no festival, que terá como atrações nacionais e internacionais Alcione, o grupo de pagode Pixote, o rapper Xamã e a banda cubana Buena Vista Social Club. A valorização dos artistas locais foi garantida com maior pontuação nos editais de seleção e contratação. O tema deste ano do Concurso “Soy Loco por Ti América” será o Forte Junqueira (1871), situado na área urbana da cidade.
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