Fala de parlamentares contrasta com silêncio do PT sobre deixar base de Riedel

As reações públicas de lideranças do PT em Mato Grosso do Sul à declaração do governador Eduardo Riedel (PSDB), favorável à anistia dos réus dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, podem soar desconectadas da posição institucional adotada pelo partido. Enquanto alguns parlamentares apontaram a necessidade de romper com o governo estadual, a nota divulgada pela Executiva Estadual nesta segunda-feira (8) não menciona qualquer movimento nesse sentido. A reação começou após publicação feita por Riedel no domingo (7), em que o governador defendeu “anistia parcial” aos condenados pelos atos, alegando “caráter humanitário” em alguns casos e cobrando do Congresso a votação da proposta. O conteúdo foi divulgado ao lado de fotos com a senadora Tereza Cristina (PP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ambos aliados de Jair Bolsonaro (PL). No mesmo dia, a deputada estadual Gleice Jane (PT) defendeu abertamente o rompimento. “Reafirmo minha posição de que o PT não pode mais compor este governo”, escreveu. O deputado estadual Zeca do PT (PT) também repudiou a fala do governador, mas não vê motivo para saída imediata. “Ele que nos ofereceu, reconhecendo o papel que o PT teve na eleição dele. Se não for apoio do PT, ele não ganhava do pior, que era o candidato do Bolsonaro. Portanto, é um reconhecimento e não temos porque abrir mão disso. Se ele quiser, ele que nos tire”, afirmou. Nota não cita rompimento –  A Executiva Estadual do PT divulgou nota em que manifesta “total oposição” à manifestação de Riedel. O texto cita o apoio do partido ao governador no segundo turno de 2022 e cobra coerência política. Apesar do tom crítico, o documento não aponta para um rompimento ou retirada imediata da base governista. “O PT de Mato Grosso do Sul reafirma o seu compromisso histórico e programático com a democracia, e qualquer caminho que não aponte para esse objetivo não contará com nosso apoio”, afirma a nota, que condiciona futuras decisões ao diálogo com a direção nacional e o núcleo político do governo federal. Espaço do PT no governo – Até aqui, o PT segue com participação em áreas da gestão estadual. A entrada do partido na base foi formalizada no início de 2023, com a ocupação de cargos em estruturas estratégicas do governo. A manutenção dessas indicações pode ajudar a explicar o tom mais institucional da Executiva, em contraste com declarações da base parlamentar. Pressão deve crescer –  Nos bastidores do governo a presença do PT tem sido vista como elemento objeto de tensão. A proximidade das eleições de 2026 tende a ampliar essa pressão. Um dos caminhos cogitados é que o próprio governador conduza uma saída gradual e negociada do partido, evitando rompimentos explícitos. Outra possibilidade seria a substituição direta dos indicados do PT, caso o partido insista em permanecer. Com a imagem de Riedel cada vez mais associada a lideranças da direita nacional, inclusive com presença em palanques ao lado de Jair Bolsonaro, a continuidade da atual composição administrativa pode se tornar insustentável politicamente. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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