
Menina de 8 anos sofreu golpes com pedaço de madeira na cabeça e na costela após ter recebido um bilhete da escola que dizia que ela não tinha feito o dever de casa. Pai foi preso e irmão gêmeo da vítima foi levado para abrigo. Pai é preso por espancar filha até a morte em Cariacica
A avó paterna de Ana Victória Silva dos Santos, de 8 anos, que foi espancada até a morte pelo próprio pai em Cariacica, na Grande Vitória, liberou o corpo da neta no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória na noite de sábado (12).
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Segundo a Polícia Militar, a menina de 8 anos foi espancada com socos e levou diversos golpes na cabeça na cabeça e na costela. O pai confessou para os policiais que bateu na menina porque ela não tinha feito o dever de casa e tinha recebido um bilhete de atenção da escola.
A mulher de 52 anos veio da cidade de Itueta, no interior de Minas Gerais, acompanhada de uma conselheira tutelar do município.
“Minha neta vivia comigo, levava ela para a escola, médico, tudo. As minhas lembranças são as melhores que eu tenho, era a minha vida”, comentou a avó, que preferiu não ser identificada.
De acordo com a Polícia Civil, Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos, foi preso e autuado em flagrante por homicídio qualificado contra menor de 14 anos com aumento de pena devido o autor ser o tutor da vítima.
A criança vai ser enterrada neste domingo (13) por volta das 18h no cemitério de Itueta.
Tristeza na família
Ana Victória Silva dos Santos, de 8 anos, foi espancada até a morte pelo próprio pai em Cariacica, Espírito Santo
Reprodução/Redes sociais
A notícia do assassinato da menina chegou até a avó pela equipe do conselho de Itueta, que ajudou a organizar a viagem até Vitória.
A avó disse que ficou sem acreditar quando recebeu a notícia de que o próprio filho tinha assassinado a neta.
“Eu estava sozinha em casa e o conselho tutelar me ligou. Eu tomei um choque, não acreditei, entrei em desespero e estou em choque até agora. Não sei informar o que aconteceu. Não foi o filho que eu criei. Ele não tinha vícios, era estudado, ele ia se formar em Engenharia Civil e já trabalhava. A vida deles era os filhos, ele vivia para as crianças, contou.
Segundo a conselheira da cidade, que também preferiu não ser identificada, a mãe da criança mora em Minas Gerais e perdeu a guarda dos filhos por maus tratos. Tanto Ana Victória quanto seu irmão gêmeo estavam na casa do pai há apenas três meses.
“Desde sábado o conselho tutelar de Cariacica entrou em contato com a gente e o Conselho Tutelar de Aimorés, em Minas, também. Isso porque na época em que as crianças foram retiradas da mãe por maus tratos e negligência, eles moraram na cidade. Nós fomos muito bem acolhidos pelo conselho de Cariacica e fomos mantendo contato até chegarmos aqui. Foi um trabalho em equipe”, narrou a conselheira.
Irmão da vítima segue em abrigo
Logo após o crime, o irmão da vítima foi levado para um abrigo na cidade. Agora a avó contou que vai buscar a guarda do menino.
“Vou lutar pelo meu outro neto, para ele poder voltar para a casa dele. Estou vivendo pelo meu neto, não sei o dia de amanhã mas vou fazer de tudo que eu tenho para lutar pelo o que está no abrigo”, pontuou.
Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos, foi preso após espancar a própria filha de 8 anos até a morte
Reprodução/TV Gazeta
O conselheiro tutelar de Cariacica, Marcos Paulo Fonseca, pontuou que o irmão de Ana Victória relatou que também era agredido pelo pai. E que durante busca nos documentos na residência da família após o crime, foi encontrado um receituário da menina que comprovava TDAH e autismo também.
“Conversamos com o irmão e ele relatou que o pai batia nele também, com um pedaço de madeira. E ele falou que está bem porque no serviço de acolhimento ele não apanha. O ambiente de familiar precisa ser um ambiente de amor, carinho e respeito. A escola tem o dever sim de comunicar a todos o que acontece. Já pensou se todo aluno que a escola avisar que ele não fez o dever de casa o pai fazer uma barbaridade dessa? A escola fez o trabalho que precisa ser feito, mas o que a gente percebe é que os pais não tem feito da parte da vida escolar dos filhos”, explicou.
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Agora, a criança aguarda para que sejam feitos os trâmites legais para a inserção em um ambiente familiar que seja mais seguro para ela.
“O irmão está no serviço de acolhimento institucional. Foi uma medida de proteção e o mais certo a ser feito. A juíza vai pedir a Justiça de Minas para que seja feito todo um estudo social e técnico para saber em que ambiente essa criança vai poder ser inserida, já que os familiares que a gente tem contato são todos de Minas”, destacou.
Relembre o caso
Ana Victória Silva dos Santos foi espancada até a morte na noite de sexta-feira (11) pelo próprio pai dentro de casa após receber um bilhete de reclamação da escola por não ter feito o dever de casa.
O pedreiro relatou para os policiais que também tinha batido na criança no dia anterior porque ela estava bagunçando a casa e usando palavras ofensivas.
Criança de 8 anos foi levada desacordada para o PA de Alto Lage, e teve a morte confirmada no local.
Reprodução/TV Gazeta
O Boletim de Ocorrência da Polícia Militar (BO) narrou que o pedreiro percebeu que a filha apresentou dificuldade respiratória depois das agressões e a levou para o Pronto Atendimento de Alto Lage.
A vítima chegou desacordada na unidade e a morte foi atestada no local. A Polícia Militar foi acionada. No local, a madrasta disse para os policiais que ouviu as agressões, mas não interviu.
Áudios que a madrasta mandou para uma vizinha mostram que ela pede para alguém retirar os pedaços de madeira que ficaram no quarto das crianças depois das agressões na menina.
A defesa da madrasta da menina informou que os áudios foram retirados de contexto, e que companheira do autor do crime não participou de qualquer agressão contra a criança e que não conseguiu intervir no momento das agressões por ter medo do companheiro.
O pai e a madrasta foram levados para a Delegacia Regional de Cariacica. O homem foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV). Já a madrasta foi ouvida e liberada já que a autoridade policial não identificou elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante naquele momento.
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