As políticas econômicas propostas por Donald Trump estão tendo um efeito sem precedentes na economia global. Como não poderia ser diferente, nem mesmo e a indústria de guitarras escapa das amarras da instabilidade.
Uma das maiores preocupações entre os fabricantes de guitarras atualmente é a tarifa gigantesca de Trump sobre produtos chineses – que, no momento em que este texto foi escrito, está em impressionantes 145%. É um fator que pode ter consequências terríveis.
O YouTuber e proprietário da Chapman Guitars, Rob Chapman, observa que “43% de todos os instrumentos importados para os Estados Unidos atualmente são da China”. A lista inclui componentes individuais de guitarra a pré-amplificadores, pedais e muito mais.
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“Acredito que isso afetará muitas marcas americanas”, diz Chapman. “Vamos ver uma escassez de produtos chineses chegando aos Estados Unidos porque as pessoas simplesmente não vão querer comprá-los ou importá-los. Também haverá grandes aumentos de preços se [as empresas] [continuarem] importando um produto.”
Mercado chinês: um grande aliado da indústria
Muitas empresas compram algumas de suas peças de outros países. Até mesmo as guitarras Trump, endossadas por Trump, aparentemente são fabricadas na China.
Marcas de guitarras que se orgulham de serem “fabricadas nos Estados Unidos” frequentemente enviam peças do México ou Canadá. Como Rhett Shull explica em um vídeo do YouTube, a Fender teve que mudar sua marca “made in the USA” após uma mudança nas leis comerciais; até mesmo a Fender importa peças do exterior.
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“Se você é como eu e cresceu no final dos anos 90, lembra quando a Fender dizia ‘made in USA’ no headstock”, diz ele. “[Mas] agora diz Corona, California. Essa é uma mudança relativamente recente que a Fender fez [devido] às leis e regulamentações da Califórnia sobre o que se qualifica como algo feito nos EUA.”
As diretrizes atuais da Comissão Federal de Comércio determinam que as empresas só podem anunciar um produto como fabricado nos EUA quando utilizam “toda ou praticamente toda a mão de obra e os materiais de origem nacional”.
No entanto, como explica Shull, “a Califórnia promulgou seu próprio estatuto que proíbe o uso da alegação ‘fabricado nos EUA’ se qualquer parte do produto for de origem estrangeira”.
Instrumentos mais caros, menos opções para iniciantes e ameaça de recessão
A falta de importações chinesas com boa relação custo-benefício provavelmente impactará fortemente o consumidor, principalmente as pessoas que buscam guitarras mais acessíveis.
Rob Chapman ressalta que iniciantes podem não conseguir encontrar violões com bom custo-benefício. Isso pode ter um efeito cascata no mercado de violões em geral, já que modelos de entrada abrem portas para a compra de modelos mais caros no futuro.
É claro que as empresas americanas podem se destacar. “Esperamos que muitas novas empresas americanas surjam e criem seus próprios produtos”, observa Chapman em seu vídeo.
O presidente da NAMM, John Mlynczak, acredita que a mudança pode “devastar” os fabricantes de instrumentos. Assim como Chapman, ele espera que a indústria consiga trabalhar em conjunto para sobreviver.
“Nós, como indústria, precisamos nos unir porque a última coisa que queremos ver são empresas falindo”, disse Mlynczak à Billboard em uma entrevista recente.
“A razão pela qual temos empresas que podem se dar ao luxo de fabricar seus produtos de ponta nos EUA é porque elas obtêm a receita dos produtos de nível médio a básico do exterior”, observa ele. “Nossa cadeia de suprimentos é profundamente interconectada”, acrescenta.
Instrumentos não são fabricados exclusivamente na China ou no México. Fabricantes produzem certos componentes nesses países e os importam para realizar a montagem final em outro local. Eles fazem isso porque esse tipo de trabalho exige alta especialização.
Após a entrevista com Mlynczak, Kristin Robinson, da Billboard, explicou o impacto total das tarifas em um vídeo no TikTok. Nele, ela analisa como a indústria musical pode sofrer com os novos impostos. Ela também explica que os preços do vinil provavelmente também aumentarão, devido à demanda por materiais importados.
Abaixo, você confere a entrevista de Robinson, na íntegra:
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