Crioimersão como estratégia de recuperação muscular em nadadores

Por Thiago Medeiros Rodriguez *

A crioimersão (imersão em água fria) tem sido amplamente utilizada no contexto esportivo como método de recuperação pós-exercício. Em esportes aquáticos como a natação, que impõem alta demanda neuromuscular e metabólica, estratégias eficazes de recuperação são fundamentais para manter o desempenho e reduzir o risco de lesões. Nesse contexto, a crioimersão se destaca como uma prática acessível e de aplicação simples, mas que ainda carece de consenso científico quanto à sua eficácia em diferentes protocolos.

Uma recente revisão sistemática com meta-análise publicada no Brazilian Journal of Pain (2025) investigou os efeitos da crioimersão na percepção de dor muscular de início tardio em atletas. Foram analisados nove ensaios clínicos randomizados, com dois estudos incluídos na meta-análise. Os resultados apontaram para uma redução significativa da dor muscular geral após a crioimersão. Contudo, a eficácia da intervenção em momentos específicos (24h, 48h e 72h após o exercício) não apresentou significância estatística isolada.

Esses achados sugerem que a crioimersão pode exercer um efeito positivo global na redução da dor muscular percebida, o que pode ser particularmente vantajoso para nadadores submetidos de alta intensidade, sessões duplas de treino e competições consecutivas. A crioimersão promove vasoconstrição periférica e, subsequentemente, vasodilatação reativa, facilitando a remoção de metabólitos pró-inflamatórios e promovendo um ambiente mais favorável à recuperação tecidual.

Crioimersão – Foto: Reprodução

Implicações práticas para nadadores

● Recomenda-se a imersão em água com temperatura entre 10°C e 15°C por um período de 10 a 15 minutos, preferencialmente até a altura da cintura ou ombros, conforme a musculatura envolvida no treino;

● A aplicação deve ser ajustada conforme o tipo de estímulo (técnico, aeróbico, de força ou velocidade) e o calendário competitivo;

● A frequência de uso deve ser moderada, já que algumas evidências apontam para uma possível atenuação das adaptações musculares quando utilizada cronicamente após treinos de força.

Apesar dos resultados promissores, os autores do estudo alertam para a baixa qualidade metodológica dos ensaios incluídos, o que reforça a necessidade de mais pesquisas com maior rigor científico. Até que novas evidências sejam consolidadas, a crioimersão deve ser vista como um recurso complementar, integrado a uma abordagem multifatorial de recuperação, que inclua sono de qualidade, nutrição adequada, reidratação e controle de carga de treino.

Crioimersão – Foto: Reprodução/Instagram

Conclusão

A crioimersão representa uma ferramenta potencialmente útil para nadadores que buscam otimizar sua recuperação entre sessões intensas. No entanto, sua aplicação deve ser feita de forma criteriosa, individualizada e supervisionada, considerando as características.

* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática

 

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