PMs imobilizam vendedor com mata-leão na frente de crianças após denúncia de música alta em Roraima


Elisvaldo Pereira dos Santos, de 45 anos, promovia um evento político em casa quando quatro policiais militares chegaram na casa dele. PM informou em nota que ação seguiu o ‘protocolo padrão da corporação’. Agentes da PM agridem vendedor em Rorainópolis, Sul de Roraima
Reprodução/Redes sociais
“A sensação que eu tive foi de muita vergonha, de agressão, de que fui humilhado na frente dos meus convidados, da minha família, na frente de todo mundo”, afirma o vendedor Elisvaldo Pereira dos Santos, de 45 anos. Ele foi imobilizado com um mata-leão por policiais militares após denúncia feita por vizinhos de que ele estava com som alto em casa. O caso foi em Rorainópolis, Sul de Roraima, nesse domingo (1º).
Os policiais militares envolvidos na ocorrência fizeram toda ação na frente de crianças, filhos de amigos de Elisvaldo, que estavam no local durante reunião política com presença de algumas famílias próximas do vendedor.
Imagens feitas por testemunhas mostram quando quatro PMs, dois homens e duas mulheres, agredindo Elisvaldo, colocando ele contra a parede e aplicando golpes imobilizadores. Na ação, o vendedor foi preso por perturbação ao sossego e desacato à autoridade, e levado à delegacia da Polícia Civil de Rorainópolis.
Em nota, a Polícia Militar informou que a ação dos policiais seguiu o protocolo “padrão da corporação, que prioriza o diálogo em situações de desentendimento entre as partes envolvidas”.
Disse ainda que Elisvaldo “demonstrou comportamento desrespeitoso desde o início, ameaçando e criticando a atuação dos policiais, além de perturbar seus vizinhos ao se recusar a diminuir o volume do som”.
A abordagem
A abordagem dos PMs aconteceu durante uma reunião política com na casa de Elisvaldo. No relatório policial, os agentes disseram que foram acionados pelos vizinhos do vendedor por “perturbação do sossego” por conta do som alto.
Ao chegarem ao local, segundo os PM, a equipe foi recebida por vizinhos que disseram que o som alto era algo “recorrente”.
Ao g1, Elisvaldo disse que se surpreendeu quando os policiais chegaram e entraram na casa dele. O vendedor afirmou que questionou o motivo da abordagem. No relatório, os PMs citaram que Elisvaldo havia “desafiado, ameaçando e criticando” a atuação policiais, mas o vendedor contesta essa versão.
“Eu só estava me defendendo, pedindo para eles me dizer o motivo de estarem dentro de casa, daquela forma. O motivo da abordagem, da prisão, e pedindo para eles não me algemaram. Eles me deram um mata-leão e eu quase apago”, disse o vendedor ao g1.
Outras pessoas que estavam no local intervieram e tentaram impedir a ação da PM. No relatório, os agentes disseram que os vídeos da ação foram feitas na tentativa de “intimidar os policiais”. Elisvaldo ficou com hematomas nos braços e nas pernas.
“Vou procurar meus direitos, já tô correndo atrás dos meus direitos de cidadão brasileiro. Não deixaram eu conversar com eles. Eles invadiram a minha casa, foi invasão de privacidade, e me agrediram dentro do meu lar”.
Ainda em nota, a PM disse que “preza pela boa conduta no atendimento das ocorrências, pelo respeito aos direitos individuais, pela garantia da lei e pela segurança da sociedade”.
O g1 procurou também a Polícia Civil e questionou os procedimentos dotados na delegacia, mas corporação não respondeu até a última atualização.
Elisvaldo teve hematomas no braço e na perna
Arquivo Pessoal/Elisvaldo Pereira
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