A interferência de Lula na definição da nova presidência da Câmara Federal

A interferência de Lula na definição da nova presidência da Câmara FederalAgência Brasil

Brasil todo está mergulhado no clima da campanha para as eleições municipais, que ocorrerão em poucas semanas, no dia 6 de outubro. Nesse momento, os esforços do meio político estão completamente voltados para as ações eleitorais que se seguirão até o dia do pleito e serão decisivas para a definição dos nomes que assumirão os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Mas nos bastidores políticos de Brasília, as atenções voltam-se também a outro tema: a sucessão de Arthur Lira. Sim, ao mesmo tempo em que atua intensamente no processo eleitoral em curso nos municípios brasileiros, a alta classe política do país mantém olhares atentos para a definição da nova presidência da Câmara dos Deputados, prevista para ocorrer oficialmente em fevereiro de 2025.

Nos últimos dias, especialmente, o assunto ganhou mais atenção. Isso porque situação e oposição começaram a realizar jogadas mais agressivas e a movimentação do xadrez político forçou o presidente Lula a ingressar no processo de negociação. A decisão é arriscada.

O próprio Lula, segundo noticiado pela imprensa, teria dito recentemente aos líderes da Câmara que não estaria disposto a incorrer no mesmo “erro” cometido pela ex-presidente Dilma Rousseff. Ela apoiou Arlindo Chinaglia contra Eduardo Cunha, que acabou vencendo e, mais tarde, iniciando o processo que resultou no impeachment da petista.

A diferença entre os dois cenários, no entanto, é o fator polarização. Atualmente, o embate radicalizado entre esquerda e extrema direita obriga a adoção de medidas mais drásticas, incluindo-se a intervenção do presidente na definição do melhor nome para a sucesso de Lira.

Resultado: o gabinete presidencial se tornou ambiente de negociação. Na última semana, o deputado Elmar Nascimento esteve no Palácio do Planalto para conversar com o presidente. Ele havia conquistado o apoio de Lira para a sucessão, mas o atual presidente da Câmara acabou anunciando publicamente seu apoio a Hugo Motta.

Agora, Elmar Nascimento quer convencer Lula de que Motta não tem força suficiente para fechar consenso entre toda a base do governo. Correndo por fora, ainda vem Antonio Brito com apoio de Gilberto Kassab.

Enquanto os aliados do presidente se dividem, a oposição se organiza. Barrar o avanço dos deputados bolsonaristas é politicamente estratégico para o Planalto, assim como também uma questão profundamente pessoal para o presidente. E é esse o grande motivo por trás de sua interferência nas negociações.

O preço que Lula terá de pagar por assumir esse risco só o tempo dirá. As próximas jogadas precisarão ser pensadas com inteligência.

*Wilson Pedroso é consultor eleitoral e analista político com MBA nas áreas de Gestão e Marketing
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