FIA cogita retorno dos motores V10 para a Fórmula 1

O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem.

O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, afirmou que a Fórmula 1 deveria considerar retornar aos motores V10, operando com combustível sustentável. A sugestão surge em meio às discussões sobre o futuro da categoria e suas regulamentações para os próximos anos.

Atualmente, a F1 se prepara para uma importante mudança no regulamento dos motores. A partir de 2026, as unidades de potência passarão a utilizar combustível sintético, buscando equilibrar a potência gerada pelo motor de combustão interna V6 e a energia do motor elétrico (MGU-K). Com essa reformulação, a categoria pretende aumentar a importância da eletrificação, tornando o esporte mais sustentável e atraente para novos fabricantes.

Como resultado dessas mudanças, a Audi já confirmou sua entrada na categoria a partir de 2026, enquanto a Cadillac planeja desenvolver seus próprios motores para 2028, com a nova equipe que ingressará no grid no próximo ano. Além disso, após a definição das novas regras híbridas, a Honda voltou atrás na decisão de deixar a categoria, optando por permanecer no campeonato. Por outro lado, a Renault está prestes a sair do cenário como fabricante de motores.

Diante desse cenário de transição energética e mudanças na estrutura da categoria, algumas figuras do automobilismo defendem um possível retorno dos motores V10. Essa configuração foi utilizada por toda a Fórmula 1 pela última vez em 2005 e é amplamente lembrada pelo seu som estrondoso e pela potência elevada.

Declarações do presidente da FIA

Diante desse debate, Mohammed Ben Sulayem sugeriu que a reintrodução dos V10, agora com combustíveis sustentáveis, deveria ser analisada nas futuras discussões sobre as regulamentações da F1. Em publicação nas redes sociais, o presidente da FIA enfatizou a importância de manter o esporte alinhado às novas tecnologias, sem deixar de considerar alternativas que possam melhorar a experiência dos fãs e manter a essência da categoria:

“O lançamento da F1 em Londres nesta semana gerou muitas discussões positivas sobre o futuro do esporte. Embora aguardemos a introdução das regras de 2026 para chassi e unidade de potência, devemos também liderar o caminho para futuras tendências tecnológicas no automobilismo. Devemos considerar diferentes direções, incluindo o som estrondoso dos motores V10 movidos a combustível sustentável. Independentemente do caminho escolhido, devemos apoiar as equipes e fabricantes no controle de custos com pesquisa e desenvolvimento”, escreveu Ben Sulayem.

As declarações do presidente da FIA reforçam um debate que já vinha sendo fomentado por outras lideranças do esporte. O CEO da F1, Stefano Domenicali, também indicou que a categoria poderia estudar alternativas aos atuais motores híbridos, desde que essas soluções mantivessem o compromisso com a sustentabilidade:

“Se o combustível sustentável está realmente cumprindo o papel de ser uma solução com zero emissão, e estamos levando a sustentabilidade a sério, talvez não precisemos mais de motores tão complexos ou caros de desenvolver. Então, podemos pensar em motores mais leves e com um som mais marcante“, disse Domenicali à revista ‘Autosport’ em agosto passado.

Possibilidade real ou apenas desejo dos fãs?

Apesar da empolgação de alguns torcedores nostálgicos, que gostariam de ver o retorno dos V10, o cenário atual da F1 indica que essa mudança não deve acontecer tão cedo. O regulamento de 2026 já foi fechado, a categoria caminha para uma maior eletrificação dos motores, um fator decisivo para a entrada de novos fabricantes.

Além disso, os combustíveis sintéticos, uma das principais apostas da Fórmula 1 para reduzir sua pegada de carbono, ainda enfrentam desafios. Embora apresentem potencial para reduzir emissões poluentes, esses combustíveis são atualmente caros e menos eficientes em comparação com os modelos híbridos e elétricos.

Assim, os fabricantes da categoria não demonstram interesse em abandonar a tecnologia híbrida, que se tornou um padrão na F1 e na indústria automotiva.

Especialistas opinam

O ex-engenheiro da Mercedes e da Williams, Paddy Lowe, que atualmente é fundador da empresa de combustíveis sintéticos Zero Petroleum, acredita que uma mudança para motores exclusivamente a combustão não seria viável no futuro próximo:

“Já vejo essa ideia há muito tempo e, na verdade, há um elemento dela na criação da nossa empresa Zero. A Fórmula 1 hoje é uma categoria híbrida, e isso representa uma solução muito eficiente para a indústria automotiva de forma geral, na minha opinião”, disse Lowe no podcast ‘James Allen on F1′.

Diante dessas considerações, embora a ideia de trazer de volta os V10 possa gerar entusiasmo entre os fãs e até dentro da própria FIA. A realidade do esporte e da indústria automotiva caminha em outra direção. A Fórmula 1 segue seu plano de eletrificação, apostando nos híbridos e nos combustíveis sintéticos como a combinação ideal para um futuro mais sustentável.


 

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