Conheça o canto da cidade que encantou o mundo com a Axé Music

Após a onda artística da Axé Music se consolidar no Brasil na década de 80, o próximo passo era o mundo. Desafio conquistado com a personalidade de Daniela Mercury que, já conhecida pelo público baiano, chamou a atenção do país com dois momentos históricos. O primeiro no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o segundo na Apoteose do Rio de Janeiro, em 1992.

Era uma sexta-feira, meio-dia, e São Paulo parou. Mais de 30 mil pessoas se apertavam sob o MASP para ver Daniela Mercury em um show de novos talentos, realizado pela prefeitura da cidade. A multidão era tamanha que as pilastras começaram a tremer e o show foi interrompido.

A partir daí, a cantora chamou a atenção de todos os jornais do país. “Daniela é um fenômeno”, disse o crítico musical Hagamenon Brito ao considerar a apresentação do MASP o início da segunda geração do Axé.

‘O canto dessa cidade sou eu’

O episódio no MASP foi só o começo. Daniela logo lançou “O Canto da Cidade” (1992) e levou o Axé para o mundo. “Ela começou a ser chamada para gravar comerciais até com o Ray Charles, com Tom Jobim. Ela dá outra dimensão ao Axé”, afirmou Hagamenon.

Nem a Bossa Nova conseguiu chegar em multidões como a gente chegou no mundo.


Daniela Mercury

Com o disco, a cantora se apresentou para mais de 60 mil pessoas em Portugal, lotou teatros na Argentina, fez cerca de 230 mil pessoas dançarem nas ruas do Uruguai, além de ter participado de festivais no México, nos Estados Unidos e muitos outros países.

Até que no final de 1992, Daniela realiza mais um feito ao lotar a Apoteose, espaço onde ocorrem os desfiles de Carnaval no Rio de Janeiro. O show foi gravado como um especial da TV Globo na época e consagrou a Axé Music no cenário nacional e internacional. 

“Eu nem sabia que era possível algum artista brasileiro encher um estádio. Quando eu fiz a Apoteose, foi o primeiro artista a botar 40 mil pagantes numa área equivalente a uma arena de futebol. Dali em diante foram dezenas de estádios de futebol”, disse Daniela Mercury em entrevista exclusiva ao Mundo Bahia FM.

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O marco da Apoteose é celebrado ainda hoje pela Rainha. Em 2023, ela retornou ao espaço para celebrar os 30 anos do álbum “O Canto da Cidade” e reproduziu a apresentação com adaptações e homenagens a sucessos do gênero. O show foi gravado e lançado como audiovisual no ano passado, antecipando as comemorações dos 40 anos da Axé Music.

Daniela conta ainda que o Axé predominou no Brasil por mais de 30 anos nas rádios. “Isso é algo completamente raro, para mim eu só comparo o Axé a Luiz Gonzaga, nos anos 40, no primeiro movimento de massa brasileiro, porque, depois de Luiz, nunca um gênero musical tinha conseguido tomar o Brasil por tanto tempo, de norte a sul e ainda internacionalizar o trabalho”.

Segunda geração da Axé Music

Com o sucesso de Daniela Mercury, a Axé Music ganhou ainda mais força, impulsionando o surgimento de novas bandas e artistas no cenário nacional. “Eu fui para Barra com o bloco Crocodilo para fazer o circuito domingo, quinta e sexta, sem receber. Na Avenida era impossível desfilar, tava lotado. Fui para Barra por 5 anos sem ganhar”, disse Daniela.

Nós fizemos o Carnaval ser desse tamanho e o Axé ser desse tamanho com empreendedorismo.


Daniela Mercury

Nomes como Ivete Sangalo, que entrou para a Banda Eva em 1993, Beto Jamaica e Compadre Washington, à frente do É o Tchan, e Tatau, que levou o Ara Ketu ao estrelato, marcaram essa fase do Axé, fortalecendo o gênero como um fenômeno popular.

Série do Mundo Bahia FM conta história da Axé Music

O Mundo Bahia FM preparou uma série especial para contar a história da Axé Music. Na próxima reportagem, você confere quem são os artistas da nova geração do gênero e como eles enxergam o futuro.

Em entrevista exclusiva, Tatau levantou um alerta sobre a falta de renovação: “Obviamente, a gente tem uma geração de um estilo musical envelhecida, que continua na ativa. Poderia agora aparecer uma turma nova para que a gente pudesse ter mais tranquilidade”, reflete o cantor.

Mas quem são esses novos nomes? E por que a renovação tem sido um desafio? Descubra na próxima reportagem.