Com pacientes nos corredores, HC da Unicamp e Hospital de Sumaré pedem suspensão de transferências


Unidades de referência para a região de Campinas estão sobrecarregados, e imagens mostram centenas de pessoas em corredores. Departamento Regional de Saúde está levantando vagas na região. Superlotado, HC da Unicamp tem pacientes em macas espalhadas pelos corredores nesta quarta-feira (5)
Arquivo pessoal
Enfrentando superlotação, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e o Hospital Estadual de Sumaré (HES) emitiram nesta quarta-feira (5) um pedido para que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Corpo de Bombeiros e a Central Estadual de Regulação de Vagas (Cross), não mandem mais pacientes.
Imagens obtidas pela EPTV mostram centenas de pacientes em macas nos corredores do HC por falta de estrutura para recebê-los. Medida que afeta inclusive pessoas idosas – leia relato abaixo.
“Não há mais espaço físico disponível para acomodar macas, nem pontos de cuidados para pacientes graves ou com indicação de internação”, destacou Elaine Ataide, superintendente do HC.
No HC da Unicamp, 117 pacientes estavam internados em um espaço instalado para 30 leitos nesta quarta. No Hospital de Sumaré, 100% das vagas para adultos estavam ocupadas, e o atendimento neonatal opera 17% acima da capacidade.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o Departamento Regional de Saúde de Campinas está levantando as instituições da região que atendem média complexidade e têm vagas para receber os pacientes.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
Segundo a pasta, na última semana o DRS discutiu propostas de ampliação de leitos, além da revisão dos planos assistênciais das unidades de saúde estaduais, a complementação do teto da Tabela SUS Paulista e convênios com os municípios da região, como Pedreira, Jaguariúna e Santa Bárbara d’Oeste, para ampliação de leitos.
Apesar da pressão nas duas unidades, referência para toda a região, não houve, até o momento, interrupção dos atendimentos ou cancelamentos de cirurgias eletivas. A maior demanda, no entanto, sobrecarrega equipes e equipamentos, com índice de ocupação acima do preconizado, que é entre 75% e 85%.
Idosa no corredor
Entre os pacientes que estão em maca nos corredores é Nair Furlan Moreira, de 73 anos. De acordo com o filho dela, o gerente de fábrica Samuel Furlan Moreira, de 42 anos, a mão deu entrada no HC da Unicamp na manhã da última segunda (3), e só conseguiu a maca, no corredor mesmo, no período da noite.
Segundo Samuel, a mãe havia passado por um período de internação de 22 dias no HC da Unicamp após sofrer uma trombose pulmonar, pneumonia e infarto renal. Recebeu alta, mas apresentou uma complicação nove dias depois, e a família de Campinas a levou onde realizou o tratamento.
“Ela tinha ficado internada aqui por 22 dias, ficamos bem assistidos pelos médicos e enfermeiros, porém, depois de 9 dias de alta, teve complicação. Mas tem que passar por PS de novo, até conseguir engrenar novamente o atendimento. Deu entrada às 11h, só conseguiu maca 21h, quadro grave”, lamentou.
Fachada do Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP)
Gabriella Ramos/g1
Segundo Samuel, a equipe está tentando remanejar Nair para um leito, mas ele presenciou a enorme demanda no HC.
“Ela está no soro desde segunda-feira, mas os exames são demorados para fazer por conta da demanda, é muita gente. Conforme os pacientes vão subindo para os quartos, eles vão remanejando para leitos aqui no PS”, conta.
Aumento da demanda
O Carnaval foi um dos fatores que agravaram a crise de leitos, mas a superintendente diz que é uma demanda que vem aumentando diariamente mesmo antes do feriado, em especial em relação à complexidade.
“Hoje, 83 pacientes são complexos, precisam ficar aqui, normalmente não é assim que a gente vê. A gente vê um perfil de pacientes que muitas vezes vem para cá sem necessidade e a gente pode transferir. Hoje eu me deparo com uma realidade que eu não posso transferir ninguém”, explicou Ataíde.
Segundo Ataíde, o crescente número de casos mais complexos que atinge o HC é na realidade um fenômeno nacional e que deve aumentar.
Ela refletiria tanto o envelhecimento da população como a diminuição de pessoas que possuem planos de saúde.
Com taxa de ocupação de 500% na Unidade de Emergência, HC da Unicamp solicita interrupção de envio de casos adultos
André Luís Rosa / EPTV
Abertura de leitos
Em nota, a prefeitura de Campinas informou que tem conversado com o governo do Estado para que haja a abertura dos leitos na Casa de Saúde e a implantação do Hospital Metropolitano.
“A Secretaria Municipal de Saúde monitora de forma contínua a ocupação dos leitos e encaminhamentos de pacientes na cidade por meio do Sistema de Regulação do Estado de São Paulo (Siresp). Devido à medida anunciada pela Unicamp, também solicitou que a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) de São Paulo reduza os encaminhamentos de pacientes de outras cidades para Campinas”, destaca.
Segundo a pasta, todos os pacientes que necessitam de internação na Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar estão assistidos.
“A ocupação é dinâmica e muda a todo momento, pois a rotatividade de leitos é alta. A ocupação está entre 95 e 100%, mas todos os pacientes são atendidos, uma vez que as unidades trabalham no sistema “porta aberta”. As cirurgias de urgência e eletivas continuam sendo realizadas, assim como o encaminhamento de pacientes pelo Samu para os hospitais de referência municipais”, completa.
VÍDEOS: destaques da região de Campinas
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.