Avanço do mar e erosão ameaçam isolar moradores na praia costeira mais ao Norte do país; VÍDEO


Casas foram destruídas durante sequência de marés altas na praia do Goiabal, no município de Calçoene, no litoral do Amapá. Erosão na única estrada que dá acesso ao local tem afastado turistas e preocupado os moradores. Avanço do mar e erosão ameaçam isolar moradores na praia do Goiabal, no Amapá
Moradores da vila do Goiabal estão preocupados com o avanço do mar e a erosão na única estrada que dá acesso ao local. A pequena vila praiana no município de Calçoene, que já chegou a ter mais de 50 moradores, atualmente tem apenas 12 habitantes.
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Ao longo dessa última semana, marés altas provocaram a destruição de várias construções e a queda de árvores ao longo da praia.
Casa destruída após marés altas na praia do Goiabal, em Calçoene
Rafael Aleixo/g1
Árvore caída após avanço do mar na praia do Goiabal, em Calçoene
Rafael Aleixo/g1
O pescador e empreendedor Natanael Rocha, que mora no Goiabal, teve que construir uma barricada improvisada para tentar evitar que as águas do Atlântico invadissem seu restaurante, o único existente na região.
“Tem sido uma preocupação constante, porque a gente sobrevive da pesca e do pequeno restaurante que temos aqui. Mas com esse avanço do mar, fica mais difícil das pessoas chegarem até a gente. Não só pelo avanço do mar, mas temos uma dificuldade enorme do ramal, que é o acesso pra chegar até aqui”, comentou o pescador.
Natanael Rocha na praia do Goiaba
Natanael Rocha/Arquivo Pessoal
O único acesso é pala rodovia estadual AP-222, que possui cerca de 23 quilômetros não asfaltados. As fortes chuvas provocaram a erosão e o alagamento de alguns trechos.
A prefeitura de Calçoene informou que busca parcerias com o governo do estado para melhorar o ramal. Informou ainda que realiza rotineiramente a distribuição de água potável para os moradores da comunidade.
Ramal que dá acesso à praia
Rafael Aleixo/g1
O g1 solicitou nota à Secretaria de Estado dos Transportes do Amapá (Setrap) – responsável pelo ramal, mas até a publicação desta matéria não teve retorno.
As dificuldades são refletidas na ausência de turistas. Quem percebeu a redução drástica de visitantes foi a Elita Santos, proprietária de uma pequena pousada na praia.
Elita é proprietária de pousada no Goiabal
Jéssica Melo/Lasa-Iepa
“A gente sofre aqui. Tem sido muito difícil por conta do ramal, que não consegue atender o pessoal pra chegar aqui. Eu creio que daqui com um tempo as autoridades vão olhar e fazer alguma coisa por nós”, disse a moradora.
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Monitoramento da praia
Praia do Goiabal, no litoral costa do Amapá
Jéssica Melo/Lasa-Iepa
Para a pesquisadora Claudia Funi, que coordena o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC), vinculado ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), o litoral do estado é dinâmico e diversificado. A equipe do projeto percorre a cada 15 dias a praia do Goiabal.
“A área do estuário tem uma dinâmica e essa parte costeiro-marinho tem outra. A questão do avanço da maré é algo da natureza do local, com áreas que a maré vai entrando cada vez mais, e tem áreas que ela vai estar recuando. Então não tem como a gente brigar com essas forças da natureza, e sim se adequar”, explicou a pesquisadora.
Funi também descreveu que em conversa com moradores locais, tem percebido o deslocamento de áreas lamosas e canais de marés.
Quem também participa do monitoramento da praia é a pesquisadora Jéssica Melo, do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Análises Espaciais Aplicadas a Ecossistemas Aquáticos. Ela descreveu as mudanças mais visíveis no pouco tempo que participa das visitas.
“Nós conseguimos observar na praia essas mudanças morfológicas que vem ocorrendo. Quinzenalmente a gente vê abertura de canal e lugares que a gente passava e não tem mais acesso”, descreveu Jéssica Melo.
Os pesquisadores usam drone para fazer o monitoramento de cetáceos e das alterações no Goiabal.
Pesquisadora monitora encalhes na praia do Goiabal
Rafael Aleixo/Arquivo g1
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