Bariátrica: mais de 2.600 pessoas já fizeram cirurgia contra obesidade pelo SUS

Meirivone Alves Batista Santos teve sua cirurgia bariátrica marcada para o próximo dia 9 e comemorou.

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Fábio Nunes/AT

Com um sorriso estampado e vibrando muito, a comerciante Meirivone Alves Batista Santos, de 57 anos, comemorou: “Hoje (ontem) eu tive uma notícia que irá mudar a minha vida. A minha cirurgia bariátrica foi marcada para o próximo dia 9”.Meirivone tem apneia do sono em grau severo, hipertensão e, há três anos, tomou a decisão de entrar na fila para fazer o procedimento pelo SUS no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), em Vitória. Ela chegou a pesar 103 quilos e a meta é chegar a 60. “Durante o tratamento, que começa bem antes da cirurgia, consegui perder quase oito quilos. Estou radiante”.Em breve ela vai se juntar a outros 2.651 pacientes que foram submetidos a cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS no Estado de 2022 até agora. Além do impacto estético, a cirurgia traz benefícios expressivos para a saúde, ajudando a controlar doenças como diabetes, hipertensão e apneia do sono, que frequentemente acompanham o quadro de obesidade.Segundo a Secretaria de Saúde (Sesa), há 83 pacientes qualificados para realizarem a cirurgia bariátrica no Estado, ou seja, já realizaram a consulta e possuem Autorização de Internação Hospitalar (AIH), aguardando o agendamento da cirurgia eletiva.O chefe da Unidade de Cirurgia Geral do Hucam, Gustavo Peixoto, contou que em 20 anos de programa foram operados 2.555 pacientes no hospital, o que corresponde a uma média de 200 por ano. “Atualmente, os novos pacientes chegam encaminhados pelo sistema de regulação do SUS, vindos de outras unidades vinculadas à rede pública, e por demanda interna dos serviços do Hucam”, contou.Segundo ele, entre os pacientes submetidos à cirurgia há uma adolescente de 14 anos e uma idosa de 82. No entanto, não há limitação de idade, embora a faixa etária mais comum seja entre 15 e 70 anos. “A paciente de 82 anos não conseguia andar e operou com intuito de recuperar a sua autonomia, como tomar banho e fazer suas atividades sozinha”, contou Gustavo. No caso da adolescente, foi uma situação muito especial, como ele destacou. “Era hipertensa, tinha diabetes e dormia com CPAP por causa da apneia do sono. O caso foi avaliado por uma junta médica, aprovado pelo comitê de ética do hospital. Ambas as cirurgias foram um sucesso”, garantiu o médico.Segundo ele, o Hucam é o único hospital do SUS no Estado que faz o procedimento por videolaparoscopia.ELAS MUDARAM DE VIDA Moradora de Conceição da Barra, a feirante Claudinéia de Paula Dias, 50 anos, decidiu fazer a cirurgia no ano passado e, segundo ela, após sete meses, fez o procedimento. “Eu pesava 115 quilos, fiz de tudo para perder peso, mas não conseguia. Tinha pressão alta, diabetes e depressão. Senti uma mudança repentina. Atualmente estou com 82 quilos, mas quero chegar a 50 quilos”.Em novembro do ano passado, a dona de casa Eliana Vila Real Rocha, 64 anos, realizou o seu sonho: fazer cirurgia bariátrica no Hucam.“Eu tinha 108 quilos, tinha artrite e artrose e não conseguia caminhar na rua. Eu caía até dentro de casa. O joelho não suportava o peso. A minha recuperação foi ótima. Foi a melhor decisão”. Agora, com 71 quilos, ela ainda quer perder mais. “Tenho que perder cinco quilos para ser submetida a cirurgia plástica para retirada de pele”.Já quem deseja entrar na fila para fazer cirurgia bariátrica é a aposentada Beatriz Batista, de 63 anos, que tem artrose nos joelhos. “Eu tenho 92 quilos e tenho muita dificuldade de emagrecer. Se eu chegar a 65 quilos será muito bom. Agendei uma consulta, pois quero pegar um encaminhamento para entrar na fila. Não vejo a hora”.PASSO A PASSOConsultasO tratamento da obesidade deve iniciar-se por meio de consultas individuais nas unidades básicas de saúde, com médico e enfermeiro, além da participação em atividades em grupos. É importante acompanhamento com nutricionistas e psicólogos, bem como o encaminhamento para atividades físicas orientadas.Nas unidades de saúde são utilizados todos os recursos terapêuticos disponíveis (que incluem práticas integrativas e complementares, academias da saúde, programas de redução do peso, grupo de caminhada, entre outros) para tratar a obesidade antes de encaminhar o paciente para serviços especializados.IndicaçãoO Programa de Atendimento de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade Grave, como o nome diz, é indicado para o tratamento dos casos de obesidade grave e que apresenta uma estrutura física e tecnológica mais adequada a esta população.Cirurgia bariátricaÉ um dos recursos disponíveis na linha de cuidado do paciente, mas está reservada para pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40 quilos por metro quadrado ou IMC maior que 35 quilos por metro quadrado, associado a doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e diabetes, com insucesso no tratamento clínico de dois anos nos postos de saúde.Nesses casos, a unidade de saúde encaminha o paciente a um dos três serviços especializados no Estado, de acordo com a referência para a cidade de residência do paciente, no Hospital Evangélico de Vila Velha, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) e o Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim.AvaliaçãoO tratamento da obesidade grave nos hospitais inclui avaliação multiprofissional dos casos, um acompanhamento de pré-cirurgia com consultas individuais, atendimentos em grupo, realização de exames, cirurgia bariátrica e o acompanhamento pós-cirurgia bariátrica por 18 meses com a equipe multiprofissional.Após esse período, o paciente volta a ser acompanhado na unidade básica de saúde com um plano de cuidados elaborado pela equipe hospitalar, e deve dar continuidade nas consultas e atividades coletivas no seu bairro, com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional.

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